por Renato Miranda
É senso comum que a geração atual de pais considera a prática esportiva uma grande aliada na criação dos filhos. Mesmo considerando que o esporte não é uma panacéia para resolver todos os problemas no processo formativo dos filhos. O fato é que a prática esportiva tomou uma dimensão sensacional na vida dos jovens.
Em conversa com pais de jovens que estão iniciando ou mesmo escolhendo qual esporte a praticar, insisto na orientação da influência dos pais na vida esportiva dos filhos. Particularmente sobre aqueles que visam o futuro regime de treinamento e, por conseguinte, competições.
Escrevi tempos atrás aqui no Vya Estelar sobre como os pais influenciam nas relações causais de desempenho de seus filhos esportistas e no nível de satisfação desses em ralação ao esporte através de seus comportamentos diante do fenômeno esportivo. A influência dos pais pode ser mais ou menos impactante, independentemente da presença física no local de treinamentos e competições.
Todos nós sabemos, no entanto, que essa influência nem sempre é positiva para os jovens e repercute em consequências positivas. Aliás, costuma-se dizer que os pais atrapalham mais do que ajudam… opinião, aliás, que não concordo. Embora eu reconheça que quando os pais prejudicam as crianças com seu comportamento indevido, o impacto da influência é muito negativo. Daí o preconceito de que os pais devem sempre se manter distantes das crianças no lócus da atividade esportiva.
Mas afinal, quais os comportamentos que acabam por prejudicar os filhos em suas atividades esportivas?
Abaixo faço um comentário que considero “clássico” quando nos referimos a esses comportamentos negativos:
Durante as aulas ou treinos, ficar ao lado do campo, quadra ou piscina (típico do futebol e natação), dando “instruções” constantes ao filho, reclamando de algo, corrigir movimentos e outros.
Isso não funciona, pois, mesmo que a pretensa “instrução” seja boa (dificilmente é), a criança não percebe tanta informação ao seu redor, já que o professor está lhe orientando. Além disso, pode criar um ambiente hostil e constrangedor para todos os presentes.
Lembre-se: afastar os pais nem sempre resolve o problema. A questão não é essa. Os pais podem ficar próximos ou longe desde que deixem seu filho à vontade, a tal ponto que com o tempo o mesmo perceba que com os pais por perto ou não, sua experiência esportiva será plena.
Crianças abaixo dos 12 anos: estratégia
Com crianças (principalmente abaixo de 12 anos), aconselho a seguinte estratégia. A presença dos pais deve ser intermitente, ou seja, nem sempre deverão estar por perto. Além disso, quando da presença, por vezes é oportuno ficar próximo ao campo (ou piscina) às vezes ficar longe. O importante é que sempre quando acabar a atividade os pais devem estar prontos para acolhê-los com alegria, espontaneidade e de preferência com um copo de água ou uma toalha nas mãos.
Quanto ao rendimento não há o que se preocuparem, nessa idade fatores como divertimento, alegria (sinal de que não há distúrbio psicofísico) e espontaneidade são o que importa. Ademais, o futuro aprendizado complexo e rendimento dependerão desses fatores.
Em resumo, a questão não é a presença dos pais no ambiente esportivo mas, sobretudo, a qualidade dessa participação. Portanto, aconselho os pais: antes de matricular ou inscrever filhos em algum tipo de esporte, pense que seu melhor apoio, por vezes, é o silêncio.