por Regina Wielenska
Há quem diferencie amor de paixão. Essa seria uma incandescente atração por alguém, nem sempre baseada nos reais atributos da pessoa pela qual desenvolvemos essa afeição especial.
Seríamos movidos pelas nossas necessidades e desejos íntimos, aí fantasiamos que o outro será capaz de bem preencher nossos anseios e batalhamos por satisfazê-los ardorosamente.
Já um grande amor mais provavelmente se fundamenta numa forma especial de amizade, na profunda intimidade e conectividade emocional entre duas pessoas, que é acrescida do interesse sexual recíproco. Um amor geralmente é aparentemente menos fervilhante que a paixão, ele necessariamente terá seu vigor posto à prova ao longo das dificuldades e atribulações do cotidiano. Um amor consegue durar o tempo em que as trocas entre os parceiros se mantiverem equilibradas, forem capazes de satisfazer a ambos, mantê-los interessados na partilha da vida com a outra pessoa.
Não há razão para se condenar as paixões e promover o amor ao status de supremo estado afetivo. Ambos os estados podem trazer algum significado à existência, preencher necessidades e trazer bem-estar.
Autoengano
O problema está no autoengano, há quem tente forçar que uma sazonal paixão se transforme em amor, ou exija que um amor seja o tempo todo mais fervente que água em ebulição. Isso não funciona, leva a decepções.
Sou capaz de promover a continuidade do meu relacionamento?
A continuidade de qualquer uma das formas de expressão afetiva estará na dependência do que cada um está disposto a oferecer:
1ª) O quanto cada um se dispõe a satisfazer o parceiro, a negociar soluções de compromisso, a batalhar por seus próprios ideais e necessidades sem prejudicar o relacionamento?
2ª) O quanto cada um se dispõe a expressar assertivamente suas ideias e emoções, a manter metas em comum que sirvam de motivação para o casal trilhar um caminho em comum?
Viver sozinho tem vantagens e desvantagens, esse é o caminho reservado aos que escorregam na hora de construir alianças afetivas, perenes ou temporárias.
Paixão, amor, carreira solo, todos esses caminhos são válidos, e cada pessoa conseguirá se comprometer de verdade com um deles, quando conhecer as nuances que regulam esses modos de relacionamento; cada um com suas prováveis implicações, vantagens e desvantagens.