por Patricia Gebrim
Não é preciso procurar muito para perceber como as pessoas andam cansadas. Pense um pouco. Olhe ao redor. Quantas pessoas reclamaram de cansaço para você no último mês? Na última semana? No dia de ontem? Olhe para si mesmo. Como anda sentindo seu nível de energia?
A triste verdade é que as pessoas estão se sentindo de verdade exaustas.
O caminho mais fácil para explicar tanta gente se arrastando por aí nos vem fácil, principalmente em uma cidade grande como São Paulo. Os vilões mais cotados são o trânsito, o excesso de trabalho, a pressão do trabalho, a correria, o acúmulo de tarefas, as cobranças alheias e próprias, o sedentarismo, a falta de tempo para lazer, e por aí vai.
Claro que tudo isso faz parte desse veneno que ingerimos todos os dias, mas eu gostaria de convidar você a um olhar mais aprofundado sobre o assunto.
Você já se apaixonou um dia?
Você consegue lembrar-se daquele tempo em que, movido pela paixão, você passava feliz por um dia intenso de trabalho sem nem perceber, cheio de energia, mal esperando o momento de encontrar-se nos braços da pessoa amada? Você se lembra de que, naquele tempo, se pegasse um trânsito infernal no caminho para a casa de seu amor, iria aproveitar o tempo no carro para ouvir as músicas que ouviriam juntos mais tarde? Você se lembra de quando, movido pela paixão, foi capaz de atos ousados e corajosos que coroaram de liberdade sua existência?
O que quero dizer com isso tudo é que, mesmo com todas as condições estressantes a que somos submetidos diariamente, se houver paixão em nossa vida, nos sentiremos estimulados e energizados. O cansaço some quando estamos apaixonados, não importa a pilha de tijolos que tenhamos de transportar. Somos capazes de derrubar com alegria e leveza mil tijolos, se estivermos fazendo isso por algo que faça nossos olhos brilharem. (Está aí o exemplo do muro de Berlim para provar o que digo!). Da mesma forma, podemos sucumbir a um tédio profundo ao carregar o segundo tijolo para a construção de uma fábrica de bombas atômicas.
Não é preciso que nos apaixonemos por uma pessoa. Podemos nos apaixonar por um projeto, por um sonho. Basta que encontremos algo que dê sentido, significado para a nossa vida. Algo que nos preencha com entusiasmo.
Quando nos apaixonamos, nos tornamos novamente cheios de vida. Essa vida, correndo em nossas veias, manifesta um poder que não podemos desprezar. Seja o poder de minimizar o impacto do estresse de nossa rotina, seja o poder de verdadeiramente mudar essa rotina para que se torne mais coerente com uma vida plena e feliz.
Acreditem, estamos tão cansados porque estamos entediados, estamos amortecidos, anestesiados, andando pela vida como mortos-vivos. Estamos tão cansados porque nossa vida anda desprovida de sentido, porque nos tornamos autômatos, porque nossa alma está enclausurada sem poder bater as asas e voar.
Se o cansaço vem tomando conta de você pare tudo por um instante e pergunte a si mesmo:
– O que pode fazer a vida voltar a valer a pena para mim?
– O que ando evitando enxergar?
– O que faria se não tivesse medo algum?
– Que sonhos abandonei pelo caminho?
Mesmo que não consiga ainda ter as respostas, não desista, continue a perguntar.
Um dia você saberá, e um sangue quente e vermelho preencherá cada célula de seu corpo com uma deliciosa sensação de vida, algo que cansaço algum conseguirá eliminar.