Por Renato Miranda
Daqui a dois anos teremos os Jogos Olímpicos em Tóquio. Essa competição é um dos maiores desafios na vida de atletas. As experiências oportunizadas durante as Olimpíadas tornam-se inesquecíveis e marcam definitivamente a vida de muitos deles. Em destaque a experiência de sentir a glória da conquista olímpica ou a marca inesquecível de uma derrota.
Atletas olímpicos, em sua grande maioria, tendem a seguir uma dura rotina de treinamentos e competições desde a tenra idade. Estar em uma lista dos melhores do mundo é algo que exige esforço indescritível por meio de habilidades físicas e psicológicas especialmente admiráveis.
Tais habilidades permitem atletas olímpicos a superarem, desde a iniciação esportiva, lesões, rotina exaustiva, pressões advindas das expectativas pessoais e da família, frustrações e esforço mental constante para aprender, aperfeiçoar e transcender gestos técnicos e comportamentos táticos variados.
Por outro lado, ao resistir a todas essas demandas, há uma excelente oportunidade para a melhoria da saúde e amadurecimento pessoal. Alegria, percepção de sucesso, satisfação, autoexpressão, socialização, experiências marcantes e outras vivências positivas estão no cenário da vida dos atletas.
Se pensarmos na carreira de algum (a) atleta desde a iniciação até chegar aos Jogos Olímpicos, perceberemos que apesar da dedicação e anos de treinamento, ainda resta ao atleta enfrentar o seguinte desafio: como desfrutar desse momento?
Ao considerar que estamos a falar do (a) atleta promissor (a), é notório que as expectativas de sucesso são grandes e, portanto, a tensão exacerbada para a conquista pode ser um dos primeiros e grandes obstáculos a serem superados, pois a mesma sugere o medo da derrota. E como já dizia um velho mote do esporte: "O medo de perder tira a vontade de ganhar!".
Nesse sentido, quando instado a auxiliar atletas a desfrutarem do esporte recorro aos estudos de Susan Jackson e Mihay Csikszentmihalyi que nos inspiram a favorecer atletas fluírem em suas atividades.
A fluidez, como já comentado aqui no Vya Estelar, permite que atletas vivenciem o presente com pleno envolvimento na tarefa sem se preocupar com ganhos futuros e, portanto, a atenção é investida livremente para o desenvolvimento das ações (tarefa). Ao fluir a energia psicofísica dos atletas é "canalizada" exclusivamente para a tarefa de modo que a satisfação em realizá-la é tão grande, que os mesmos pagariam "um alto" preço pelo simples prazer de experimentá-la novamente.
Assim sendo, para que se favoreça a fluidez em momentos de grandes desafios, como são os Jogos Olímpicos, é necessário que o (a) atleta se envolva intensamente com suas tarefas e amplie sua capacidade de se manter absorto (a) naquilo que tem de ser feito. Quando há fusão entre a atenção e a ação, surge uma forte tendência em realizar algo com eficácia.
Para tanto, é fundamental que o (a) atleta saiba controlar as ações técnicas e táticas, como se estivesse no "fio da navalha", ou seja, estar no controle sob pressão. Em consequência, uma confiança natural e poderosa faz com que o (a) atleta sinta-se invencível.
Observe que se você perguntar para qualquer atleta, ou pessoa que faça outra atividade, se a mesma se recorda como se sentia no momento de uma grande vitória, possivelmente você escutará algo como: "…estar no controle" ou "…controlar as variadas situações" Ou ainda "…dominar as situações".
Nesse sentido, é oportuno lembrar que os treinamentos de alta qualidade desde a tenra idade, é que projetarão as possibilidades de controle absoluto e por sua vez o fluir. O (a) atleta que flui consegue se acalmar nos momentos de maiores tensões (momentos decisivos) e não se importa com aquilo que não é controlável (por exemplo, comportamento dos adversários e da torcida).
A alta capacidade do atleta (controle) é percebida com a manifestação de alegria do mesmo em viver um grande momento, sem pensar naquilo que ainda estar por vir (resultados, premiações, reconhecimento etc.).
Ademais ao fluir o (a) atleta convive harmonicamente e entende, que faz parte do jogo, ser avaliado pública e sumariamente por todos que o assistem.