por Renato Miranda
Em 2015 mais um torneio de Roland Garros nos oferece espetáculo e lições para o esporte. No circuito de tênis profissional, Roland Garros juntamente com os Abertos da Austrália e Estados Unidos e Wimbledon formam os principais torneios (Grand Slam) desse esporte que exige muito da mente humana.
Gosto de afirmar que, mesmo sob as mais variadas exigências e tensões, o atleta profissional para ter sucesso precisa se divertir e ser alegre em sua dura rotina. Novak Djokovic nos demonstrou isso em Roland Garros. Essa história eu deixo para o final.
Concentração em alto nível, motivação, controle do estresse e ansiedade são algumas das habilidades psicológicas que o atleta de tênis precisa desenvolver e manter para o alto desempenho, principalmente para aqueles que desejam entrar e permanecer no circuito profissional.
A exigência psicológica está relacionada diretamente com as demandas físicas, técnicas e táticas, que formam um sistema integrado, sofisticado e complexo, em que nenhuma parte pode ser avaliada isoladamente.
Para cada ênfase em uma dessas exigências (física, técnica, tática e psicológica), há influências mútuas (sistêmicas), de modo que tentar discriminar uma outra habilidade isoladamente é correr risco de reducionismo. Não é por menos que tais exigências formam o que se convencionou chamar de elementos da preparação do atleta.
Portanto, quando de um treinamento físico (ênfase física), elementos psicológicos e técnicos estarão envolvidos da mesma forma que em um treinamento com ênfase tática, elementos psicológicos e técnicos se interagem e influenciam o comportamento do atleta.
É perfeitamente compreensível que em alto nível de prática, em destaque quando falamos dos dez melhores jogadores (Top Ten), as habilidades psicológicas são evidenciadas, pois se acredita que tanto a técnica e tática estão solidificadas e em suposto, os atletas já sabem o que fazer nas mais variadas situações de jogo.
Em relação às habilidades físicas, também a uma tendência em supor que todos os grandes tenistas são bem preparados e não há mais mistérios na forma de preparação física. Muito embora seja notório que a sofisticação da preparação física evolui constantemente.
Todavia lembre-se; estamos falando sobre o destaque que as questões psicológicas têm nas discussões sobre tênis de alto nível, pois é preciso sempre considerar, como descrito acima, a estreita relação sistêmica dos elementos da preparação do atleta.
O desenvolvimento mental e emocional, que compõem a estrutura psicológica do atleta, ou seja, as relações cognitivas que influenciam as tomadas de decisões e os sentimentos, como alegria, tristeza, tensão e relaxamento são buscas constantes.
Considerando que o tênis profissional exige demasiadamente física e psicologicamente dos atletas, é preciso muita perseverança e força mental para resistir ao ambiente competitivo. No entanto, com talento e alegria para enfrentar o trabalho constante, pode-se criar uma especial força mental.
Já escrevi em meu último livro REFLEXÕES DO ESPORTE PARA O DESEMPENHO HUMANO (editora CRV), uma coletânea de meus textos para o Vya Estelar, que o esporte sem tensão não tem graça e que embora pareça paradoxal, o atleta profissional, mesmo no ambiente competitivo e muito exigente, pode vivenciar a alegria e se divertir.
Muitos atletas, na história esportiva, nos dão exemplo de como isso é possível e ao mesmo tempo fundamental. Ademais como resistir às duras rotinas de treinamentos e competições sem alegria e divertimento?
Um bom exemplo e que serve de lição demonstrou Novak Djokovic em Roland Garros (2015). Em seu aquecimento antes de mais um duro jogo, reuniu dezenas de crianças para aquecer com ele. Fez isto na área externa das quadras, onde circula muitas pessoas que de forma surpreendente olhavam admiradas para o número 1 do mundo rodeado de crianças: correndo, saltando e gritando… De felicidade! Puro divertimento!