por Renato Miranda
Verificam-se em meus textos, aqueles destinados ao desempenho esportivo tanto quanto outros destinados à prática de exercícios físicos, a utilização da expressão mobilização psicofisiológica ou mobilização psicofísica.
Alguns leitores e alunos me perguntam sobre a explicação desse termo, que muito embora a faça de forma resumida, aproveito para escrever um pouco mais sobre o termo.
Primeiramente é oportuno verificar que o ser humano se expressa através de sua estrutura energética contínua, ou seja, como nos ensina o psicólogo Olavo Feijó, a ideia de energia contínua significa que nosso corpo e mente nunca se expressam unilateralmente. De modo que corpo e mente funcionam como estruturas únicas e contínuas, em outras palavras, são estruturas de um contínuo energético de dois polos.
Um polo, conhecido como o de maior massa (corpo) e um de menor massa (estrutura psicológica, conhecida como mente). Portanto, o ser humano é uma sofisticada e complexa estrutura contínua energética, o que implica que corpo e mente funcionam sistematicamente: para toda experiência corporal há uma vivência simultânea psicológica. Do mesmo modo para toda experiência psicológica, há uma repercussão corporal imediata. São estruturas com características distintas, mas funcionam de maneira solidária e una.
Em resumo em todas as experiências humanas os dois polos – corpo e mente – estão presentes ao mesmo tempo! Em consequência, no caso do esporte em exemplo, o comportamento atlético sempre é acompanhado por processos emocionais – mentais (psicológico) e corporais.
Por isso, é fundamental que o fenômeno esportivo seja compreendido por meio da inter-relação de aspectos psicológicos e fisiológicos que podem ser entendidos a partir de um enfoque de natureza conjunta, isto é, psicofisiológica ou psicofísica.
Com essa breve explicação podemos agora dizer que mobilização psicofisiológica (ou na sua forma reduzida mobilização psicofísica), é reunir ao máximo três componentes interligados e fundamentais para nossas ações. É produzir um modelo de estado ótimo através dos componentes: emocional, mental (que formam a estrutura psicológica) e físico.
O componente mental é definido como o programa preciso do comportamento a ser realizado que o atleta tem em mente. Está associado fundamentalmente às questões estratégicas e táticas das ações do mesmo.
O componente emocional pode ser definido em poucas palavras como sendo o nível mais adequado de excitação emocional, que possibilita o melhor modo de intervenção. Está “representado” principalmente pelos níveis de ansiedade, estresse e sentimentos do atleta que o mesmo vivencia no ambiente esportivo (treinamentos, competições e outros).
O componente físico é determinado pelas capacidades físicas concretas (aquelas que o atleta necessita especialmente para o desempenho de suas tarefas). Capacidades físicas concretas podem ser também referenciadas como habilidades físicas, ou seja, capacidades físicas especiais. O componente físico é o modo especial das manifestações de força, velocidade, agilidade, coordenação, equilíbrio, potência e outras.
Atleta mobilizado, em pressuposto, significa, portanto, a atuação simultânea desses três componentes (mental, emocional e físico), pois em cada ação de qualquer esporte eles estarão presentes.
O atleta é preparado basicamente, para executar tarefas, adaptar-se constantemente a novos estímulos (treinamentos) e superar dificuldades (competições). Em consequência, para que o mesmo tenha êxito é necessário que ele mobilize simultaneamente aquilo que tem de melhor desses componentes e produza um estado de mobilização para estar em um nível ideal de desempenho. Em resumo, produza uma mobilização psicofísica. Conhecido como modelo combativo ótimo!
Em estado de mobilização psicofísica, o atleta consegue manter sua mente, suas emoções e suas habilidades físicas no melhor nível possível. E para obter sucesso, é fundamental que o mesmo mantenha essa dita ótima mobilização, do início ao fim da tarefa (competição). É o que identificamos como mobilização máxima.
Muitas derrotas e vitórias clássicas na história do esporte são oriundas da ausência ou presença da mobilização máxima até ao final das competições e, portanto, não é difícil reconhecer que o elemento facilitador da mobilização é a motivação, mas isso é um assunto para depois!