por Samanta Obadia
“As leis brasileiras não servem para nada!”, foi assim o desabafo da vítima diante do repórter.
Difícil dar continuidade a essa fala, sem titubear. Mais complexo ainda tem sido ensinar Immanuel Kant para alunos que vão prestar vestibular.
Alguns se revoltam durante a aula quando cito o imperativo categórico que defende a máxima universal de que quando eu ajo de forma autônoma, o faço de maneira que minha ação seja válida igualmente para todos.
COMO ASSIM?
Num mundo onde o individualismo e o relativismo imperam, não há lugar para o bem comum. Esta ideia me faz lembrar a declaração feita por uma paciente ao seu psicanalista, dizendo que é possível estar bem, mas não feliz nos dias de hoje, porque ter felicidade num mundo onde há miséria e injustiça é estar alienado da sociedade.
Todavia, a evolução tecnológica não parece contribuir para a harmonização da humanidade. É o paradoxo moderno, mais evolução, mais incoerência.
A violência humana cresce na medida em que o ser humano se afasta de si mesmo e de sua liberdade. O excesso de conexão reduziu a arte do encontro, o olhar nos olhos, o toque das mãos.
É preciso religar a humanidade com sua sensibilidade, com sua essência, a fim de resgatar a inocência do milagre da vida.
1 Immanuel Kant (1724 -1804) foi um filósofo prussiano, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos pensadores mais influentes.
O próprio imperativo categórico, sobre o qual Kant coloca: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza”. Sua ética e moral têm como base esse preceito.