Por Regina Wielenska
Na coluna anterior (veja aqui), destaquei dois padrões de comportamento e apontei brevemente suas consequências adversas, que prejudicam o indivíduo e aqueles com quem ele se relaciona. Hoje discutirei uma alternativa de ação geralmente mais benéfica, capaz de unir pessoas, facilitar os relacionamentos e promover resultados positivos.
Dizemos que uma pessoa é assertiva quando ela consegue expressar suas ideias e necessidades com clareza, de modo gentil e que leve em consideração o respeito pelo interlocutor. Trata-se de um comportamento que aumenta a chance de sermos entendidos e levados em consideração. Ao colocarmos para fora o que sentimos, de modo sensível e delicado, há menos chances de que sejamos rechaçados pela outra pessoa e, por outro lado, não ficaremos emocionalmente engasgados, nos sentindo magoados ou em fúria.
Sabe aquela sogra, dona Leonor que ao visitar o filho casado, se dá ao direito de invadir a cozinha, abrir armários, verificar a despensa, passar o dedo nas prateleiras em busca de sinais de poeira ou gordura? Não bastando isso, faz comentários sobre o que viu, emite sugestões não solicitadas. Martha, a nora, sentia o sangue subir, mas tentou relevar, dizia a si mesma que isso era a reprodução do que a sogra viveu quando recém-casada. Não deu certo engolir, a raiva de Martha transbordou em direção do marido, que ela chamou de submisso, banana, duas caras. A explosão não resolveu o problema e criou outros.
Dias depois, antes que a próxima visita ocorresse, Martha conversou sobre seus sentimentos, e com ajuda do marido pensaram em alternativas. Não foi uma conversa fácil. Martha passou a dizer frases como “eu sinto como se ela isto ou aquilo” e “quando você fica quieto e não se posiciona eu me sinto de tal e tal modo”, “preciso de tua ajuda, como poderíamos manejar o comportamento intrusivo de tua mãe? ”.
Foi uma conversa em voz baixa, em etapas, levando em conta os sentimentos filiais do marido e o desconforto de Martha. Planejaram o que dizer, levando em conta o perfil de Leonor. Na visita seguinte, ao primeiro gesto de inspeção, o marido de Martha disse à mãe que contava com ela para ajudá-los de um modo diferente do habitual, sem inspeções, palpites e similares. Queriam que ela os visitasse sem examinar a cozinha ou dar sugestões. Queriam criar um estilo pessoal de conduzir as coisas, disse Martha, e a boa intenção da sogra estava atrapalhando o meio de campo, mesmo que tudo se fundamentasse nos melhores propósitos.
Não foi simples, a sogra ficou sem graça, meio que chateada, mas o tempo e uma dose de afeto iriam consertar o resto. Não houve explosões, ninguém foi humilhado, deu para colocar limites sem agressão. Desenvolver o comportamento assertivo exige prática, uma disposição para correr riscos interpessoais, muita consideração pelos sentimentos de todos os envolvidos numa interação. É o exercício perfeito para se defender os direitos dos envolvidos numa situação. E lembre-se, meu direito termina onde começa o do outro!