por Carminha Levy
Vya Estelar – Por que a escola chama-se Paz Géia?
Carmiha Levy – Em 1990 num curso de Xamanismo Avançado ministrado pelo antropólogo Michael Harner em Esalen Califórnia, recebemos dele a incumbência de consultarmos o Oceano Pacífico sobre qual seria a nossa missão de Alma. Em profunda conexão sagrada com o oceano ouvi suas vagas repetirem Piece of Peace. Ainda em estado alterado de consciência xamânica imediatamente voltei para meu alojamento e em isolamento pedi que me fosse esclarecido o porquê e o para quê dessa frase que continuei a ouvir ininterruptamente tal qual um mantra. Nesse meio tempo desaba uma violenta tempestade de verão que derruba um arbusto de eucalipto japonês na minha porta. Surgiu imediatamente o quê e o porquê do mantra.
Numa tradução livre podemos considerar que esse falava em sermos pedaços de paz e referendado pelo eucalipto que sincronisticamente tombou na minha porta, trazendo uma mensagem do grande pai Oxalá orixá da Paz, a quem o eucalipto é consagrado. Colhi alguns galhos menores do eucalipto e voltei ao local onde o curso recomeçava e declarei a todos qual a minha Missão de Alma:– estar a serviço da Paz a partir de cuidar da Paz interior do indivíduo (o pedaço) para alcançar tal qual a construção de um edifício (na qual os pedaços são juntos) – A Grande Paz.
Vya Estelar – Qual é a principal missão da Paz Géia?
Carminha Levy – A Missão de certa forma já está delineada, mas concretamente a Paz Géia como escola nos possibilita fazer esse trabalho do despertar da autoconsciência através de ferramentas específicas. Ao mesmo tempo em que os ensinamentos sobre a sabedoria ancestral xamânica são ministrados, uma ética de xamanismo matricial que privilegia os valores do casamento do patriarcado com o matriarcado tais como a substituição da competição pela parceria, entre outros vai sendo gradativamente fomentada em cada um. O objetivo principal é, ao transmitirmos conhecimento teórico, práticas e rituais de xamanismo matricial estarmos preparando a massa crítica que embuída dessa ética irá mudar a consciência coletiva e assim a paz virá de dentro para fora com a solidez de um edifício bem embasado.
Vya Estelar – Quais são as atividades e cursos ministrados pela Paz Géia?
Carminha Levy – A Paz Géia oferece diversos tipos de atividades sobre o tema do xamanismo, xamanismo matricial e outros conhecimentos afins através de cursos e oficinas em finais de semana, jornadas de imersão terapêutica em local retirado na Praia Brava de Almada (perto de Ubatuba -SP) e palestras e vivências à noite e durante a semana. Também em encontros semanais há o grupo de xamanismo avançado direcionado para ex-alunos e aberto também a pessoas que já trilhem qualquer caminho sagrado de autoconhecimento. Recebemos também renomados mestres xamãs de todo o Brasil e exterior.
Cerimônias e rituais
Com relação a cerimonias e rituais buscando sintonia com os ciclos da Mãe Natureza oferecemos rituais mensais de Lua Cheia, e nas passagens das estações celebramos os Equinócios e Solstícios. Celebramos também as grandes ocasiões como Passagem do Ano Novo Astrológico, Dia de Reis, Páscoa e claro o aniversário da Paz Géia na primavera. Nossa celebração máxima é 12 de outubro quando honramos Nossa Senhora Aparecida, face da Madona Negra no Brasil e o seu parceiro o Divino Espírito Santo.
Vya Estelar – Quantos alunos a Paz Géia tem hoje?
Carminha Levy – A característica principal da Paz Géia que data de 28 anos atrás não oficialmente e de forma oficial há 18 anos é ser uma escola “itinerante”.
Inspirei-me no modelo das escolas da idade média que consistia em reuniões de mestres e alunos a frente do mercado da praça principal das vilas (assim nasceram as universidades). Devido a essa característica que se mantém até hoje, damos cursos de xamanismo matricial em todo o Brasil e no exterior : Portugal, França, Itália, Slovenia entre outros países, é impossível precisar um número de alunos.