por Sandra Vasques
"Isso por si só já caracteriza compulsão sexual? Eu quero saber por que só penso em sexo o tempo todo: em casa, no trabalho… Às vezes fico perturbado"
Resposta: Não é normal pensar o tempo inteiro em sexo e ficar perturbado por isso. A vida pede mais que só pensar em uma única coisa o tempo todo.
Pensar em sexo excessivamente, é um dos indicadores de compulsão sexual, mas não o único. Além disso, quando pensar em sexo passa a ser um problema para a vida, é necessário sim buscar ajuda.
Habitualmente tomo muito cuidado para não aumentar o preconceito que existe em torno do sexo. Gostar, pensar e fazer sexo, ter fantasias, enfim, é natural e saudável. No entanto, quando isso passa a ocupar todo o tempo, impedindo de ter um bom relacionamento com os amigos, com o trabalho, com os estudos, com o par, consigo… enfim, então não é bom. E esse é um outro indicativo da compulsão sexual: a dificuldade de se concentrar em outras atividades.
Falar de compulsão sexual não é algo simples. A princípio só deve ser considerada assim quando a frequência do sexo, da masturbação e das fantasias sexuais passa a incomodar a pessoa, produzindo sofrimento, arrependimento, ansiedade ou se pela falta de limites da pessoa que tem esse problema, passa a incomodar quem convive com ela. É um tema que tem sido muito estudado e tem se verificado que pode estar associado a determinados problemas psicológicos específicos em que uma das manifestações é o pensamento excessivo sobre sexo e/ ou o aumento na frequência sexual. A pessoa não consegue resistir e pode inclusive se expor a situações de risco pessoal ou expor outras pessoas. Um psicólogo ou psiquiatra poderá avaliar e, se for o caso, tratar.
Além disso, pensar excessivamente em sexo, se masturbar ou transar com maior frequência pode ser em função de uma situação transitória que está incomodando demais. Isso porque algumas pessoas aprendem a usar o sexo como um meio de combater a ansiedade – o que pode chegar a atrapalhar a pessoa ou o relacionamento.
Além disso, no começo da juventude, quando os hormônios estão em alta, o corpo está a todo vapor, há estímulos por todos os lados para se viver momentos de proximidade e erotismo, é natural que se pense mais em sexo. À medida que a idade avança, e ocorrem mudanças no funcionamento do corpo e das exigências sociais, o pensamento e a necessidade de sexo vão se harmonizando com outras exigências e necessidades e tende a diminuir, mas não acabar.
É natural e saudável se pensar em sexo durante toda a vida, inclusive na velhice.
Assim, se você vive bem com seus pensamentos e frequência sexual, e encontra pares com quem se harmoniza, não há por que se preocupar ou mudar.