por Renato Miranda
Para o esporte mundial o mês de janeiro de 2013 ficará marcado pela confissão de doping de Lance Armstrong ao longo de sua carreira.
Reconhecido, pelo menos até então, como o maior ciclista de todos os tempos e um verdadeiro rei do Tour de France, a competição mais prestigiada pelos amantes do ciclismo mundial.
Seja para melhorar o desempenho, conquistar espaço no meio esportivo, ganhar dinheiro, fama, enfim ter sucesso naquilo que se faz e outros diversos motivos todos esses são justificativas aceitáveis para os atletas que se dopam.
Primeiramente temos que reconhecer que no esporte de alto nível, esses atletas que procuram recursos ilícitos são em grande maioria bons atletas ao se tratar de desempenho. Por sua vez acreditam que para ir além de seus resultados e vencer os concorrentes é preciso recorrer à utilização de substâncias proibidas.
A lista de substâncias proibidas é extensa: estimulantes (como a efedrina e clembuterol), esteroides anabolizantes (para desenvolver a força e massa muscular), diuréticos (para mascarar o uso de outras drogas e emagrecer rapidamente) e tantos outras.
Além de o doping ir contra o espírito esportivo que promove a justiça do jogo limpo (consagrado pela expressão fair play) é uma injustiça, pois confronta atletas (dopados) em vantagem de condições, com atletas ("limpos" – sem doping) em desvantagem.
Aqui vale lembrar as palavras do pensador Huinzinga, que de outra maneira, dizia que aquele que não segue as regras do jogo não é um atleta de fato. O atleta que não segue as regras será um "desmancha-prazeres", um destruidor do mundo mágico – O Jogo! De fato o esporte e seus atletas de alto nível representam algo de mágico, de fantástico, que causa admiração e encantamento à vida das pessoas.
Nota-se que atletas com motivação orientada pelo ego se preocupam excessivamente com sua figura social a respeito da avaliação que os outros fazem dela. Em consequência, para esses o mais importante sempre será vencer, mesmo por vias ilegais.
Para o atleta tipo ego superar o adversário, ser reconhecido e obter sucesso são motivos que justificam por si mesmos a utilização de recursos ilícitos, e em nosso caso o meio ilegal mais desejável é o doping, pois além de providenciar a melhoria do desempenho, muitas vezes as drogas não são percebidas ou detectadas pelo meio esportivo.
É como viver em uma falsa realidade e ao mesmo tempo acreditar que essa é perfeitamente aceitável. Esse tipo de atleta crê que se não agir assim (utilizar a estratégia do doping), estará fora das conquistas, pois considera que outros atletas certamente fazem uso de alguma substância ilegal.
Algumas pessoas acham que é ingênuo pensar um mundo esportivo competitivo livre do doping, mas a questão não essa. A trapaça sempre existiu em alguma medida no esporte, desde os tempos mais remotos e decerto continuará existindo.
A questão é refletir se vale a pena prejudicar a saúde, decepcionar fãs, familiares e "jogar" a reputação no lixo, para obter sucesso e depois sair pela porta dos fundos da história esportiva. E sempre é bom lembrar que depois da carreira esportiva (que dura em torno de 12 a 15 anos de uma maneira geral), há uma nova vida a seguir que pode vir a ser tão importante e recompensadora como nos tempos de competição.
E então basta imaginar, como obter condições para almejar essa nova vida de tranquilidade e respeito (após a aposentadoria esportiva) com o estigma de um atleta que burlou as regras do seu meio (o jogo). Qual exemplo ficará para as pessoas?
É claro que sempre haverá uma chance para um recomeço e a formação de novos conceitos, mas mesmo assim, será como um prego quando retirado de uma madeira. É difícil não deixar uma marca. Uma marca significativa!
Para finalizar fica a pergunta: vale a pena?