por Renato Miranda
Com certa frequência provoco pessoas, atletas e não atletas a refletir sobre aquilo que considero o resumo da vida: Resolver problemas! Desde o nascimento até o fim de nossos dias, de alguma forma estamos a resolver algum tipo de problema; dos mais simples, como "matar" a nossa fome ou os mais complexos, vinculados às tomadas de decisões que podem modificar a vida: escolha de uma profissão, modificar o estilo de vida, enfrentar um grande desafio e outros.
Portanto, resolver problemas é parte constante da vida de toda pessoa. Ao traduzir tais problemas como desafios ou objetivos decerto nossas habilidades físicas, cognitivas e emocionais formam a base de nossa competência para realizar tarefas.
Nota-se, todavia que o meio ambiente exerce influências consideráveis. Seja o ambiente familiar, escolar, social e ambiental propriamente dito, tudo isso compõe, em linhas gerais, a formação e especialização de capacidades pessoais. Isso serve tanto para o esporte como em qualquer outra atividade.
Observe o exemplo singelo de crianças que escolhem um esporte a ser praticado seriamente. Avalie como o ambiente descrito acima influencia seu comportamento de tomada de decisão.
Dificilmente a criança que vive em uma cidade nas montanhas será motivada a aprender a surfar. Em muitos casos, o mar para essa criança, é quase um fruto de sua imaginação alimentada por imagens da televisão e internet.
A partir desse pensar, podemos considerar que com o avançar da idade e o progresso de habilidades (capacidades especiais) gerais, as pessoas compreendem seus limites, direcionam seus pensamentos para determinadas ações que as mesmas percebem e julgam se são capazes de realizar determinadas tarefas com sucesso e em consequência definem seus comportamentos motivados.
Em outras palavras, com o desenvolvimento pessoal, nossas condutas em relação àquilo que desejamos fazer são orientadas e sustentadas de acordo com nossa pretensa capacidade de realizar determinadas tarefas ou atingir determinada meta.
Portanto, há uma percepção de controle que se desenvolve com as experiências adquiridas e que ficam arquivadas e dispostas em nossa memória para usarmos quando quisermos ou julgar necessário.
Em resumo, a pretensão da capacidade de realização ou obtenção de um determinado desempenho ou sucesso frente a um desafio, advindo de uma autoavaliação ou julgamento próprio, definem o termo autoeficácia. Ao considerar a eficácia como um produto final de uma capacidade especial (habilidade), como por exemplo, ser capaz de praticar um esporte em alto nível, pode-se então, resumir que ser eficaz é atingir um objetivo predeterminado.
Nesse sentido, educar um atleta ou outra pessoa para uma outra atividade, para a melhoria do desempenho humano é, em última análise, promover o desenvolvimento de capacidades especiais. Nesse processo, percepções, avaliações (parte integrante da percepção!) e pretensões vão desembocar em um nível de confiança e motivação ótimos para o enfrentamento de desafios e cumprimentos de tarefas em alto nível.
A percepção da autoeficácia no esporte (entendamos também o esporte como um simulacro das diversas atividades do homem) é evidentemente importante na medida em que permite o atleta projetar e confiar que pode obter sucesso (vencer!) ao acreditar em suas habilidades (capacidades especiais) e com isso mobilizar mais facilmente todo seu potencial para agir. Em outras palavras, reunir tudo que ele (o atleta) tem de melhor no aspecto físico, mental e emocional a fim de realizar as ações necessárias para se atingir objetivos pretendidos.
Talvez seja por isso, que atletas quando creem em sua autoeficácia, mesmo quando enfrentam adversários considerados superiores em desempenho, conseguem ter ótimos resultados. Ao comparar o comportamento do atleta em regime de treinamento e competição com um estudante ou diversos profissionais, temos um ótimo simulacro de autoeficácia para a vida e naturalmente atender sua sofisticada exigência: resolver problemas!