por Adriana Kachani
Recebo inúmeras cartas de leitores perguntando por que sempre emagrecem-engordam, emagrecem-engordam, emagrecem-engordam…esse vai e vem do peso é conhecido popularmente por efeito sanfona. Quem nunca ouviu falar?
O fenômeno acontece por vários motivos. O primeiro deles é que quando fazemos uma dieta muito restritiva, em determinado momento não agüentamos mais, e então…comemos em dobro, em busca do tempo perdido! Por isso que dietas cheias de proibições e com quantidades calóricas baixíssimas não costumam funcionar.
O que é proibido sempre é mais gostoso e então ficamos idealizando a coisa até o momento em que não agüentamos mais de vontade! O certo é não deixar de comer nada que temos vontade, mas consumir sempre moderadamente, usando o bom senso.
Em relação a quantidades, o alimento está para nosso corpo assim como a gasolina está para um carro. Quem não come, não funciona! Assim, quando diminuímos a quantidade calórica da nossa dieta, muitos efeitos adversos podem ocorrer: cansaço, desmaios, pressão baixa, desânimo, depressão, desnutrição…e então, para compensar isso tudo comemos muito, muitíssimo!
Devemos sempre esquecer os regimes. O certo é pensar em reeducação alimentar, ou seja, aprender a comer, para o resto da vida! Regime é temporário e esta palavra já lembra fome e privação.
Perda de peso não deve ultrapassar 10% ao mês
Outra dica importante é controlar a perda de peso, que nunca deve ultrapassar 10% ao mês. Isso é muito importante para não levar o indivíduo à desnutrição. E sabe –se que uma pessoa desnutrida, quando come, absorve muito mais rapidamente os nutrientes – levando-a a engordar rapidamente. Quando maior a depleção (redução de qualquer matéria armazenada no corpo), maior a absorção, uma vez que esta é uma forma de nosso organismo se proteger quando faltam nutrientes.
Essa restrição/liberação geral pode deixar nosso corpo confuso. Sem saber se está livre para gastar o que quiser ou se deve poupar calorias para não passar necessidades, nosso metabolismo começa a trabalhar com o mínimo de energia, para se garantir. É o que chamamos de metabolismo lento, que nos faz engordar mesmo comendo só saladas.
Devemos também sempre ter em mente que emagrecer não é perder peso na balança. É perder gordura, alterar dobras cutâneas, entrar nas calças apertadas, levar um assobio na rua. Isso porque quando fazemos uma dieta muito radical, o normal é perdemos água, massa muscular, e não gordura! Já tenho quase quarenta anos e lembro-me da época em que moças colocavam plástico na barriga e iam para a academia. O plástico as faziam suar, e o peso da balança caía muito. Mas o que estavam perdendo era água, as moças estavam desidratando! Por isso é importante sabermos distinguir nossa massa corporal, o que é gordura, o que é musculatura e o que é água. Para isso existem hoje aparelhos de bioimpedância que auxiliam na estimativa dessas medidas.
Medicação só sob orientação médica
É comum eu repetir nos meus artigos para que as pessoas fujam da medicação. Esta deve ser usada sim, quando há necessidade de perda de muitos quilos e sempre, sempre só sob orientação médica. Estas medicações, normalmente à base de anfetaminas, nos fazem emagrecer com uma dieta muito restritiva e então…lá vem efeito sanfona novamente!
Chás e laxantes
Chás e laxantes. OK, são vendidos sem prescrição médica. Mas saibam que os laxantes agem no intestino grosso, no momento da absorção de água, quando todos os outros nutrientes já foram absorvidos. Então, quando usamos um laxante, na verdade não estamos emagrecendo, mas sim, desidratando.
Acho que a principal questão para não sofrer o efeito sanfona é não acreditar em milagres. Se existisse uma fórmula mágica para emagrecimento sem nenhuma restrição, o inventor já haveria ganho o Nobel. A saída é se convencer de que uma dieta deve ser feita de forma lenta, com mudanças em hábitos e estilo de vida. Ver os alimentos de uma nova forma, comportar-se adequadamente perante eles. E em troca, ficar bonita e saudável.