por Luiz Alberto Py
Há determinados momentos no caminho de uma pessoa em que ela se vê frente a uma tragédia. Algumas vezes está vinculada ao inesperado falecimento de um ente querido; em muitas outras, ao brusco término da relação com alguém especialmente amado. O sentimento de perda é arrasador.
A impressão é de que a vida perdeu o sentido, a pessoa se sente como se estivesse morta ou morrendo. Certamente alguma coisa lá dentro morreu. Aquele outro se torna uma ausência, uma falta dolorosamente sentida. Em períodos como esse, tenta-se – da maneira que for possível – sobreviver e manter a esperança de um futuro melhor.
A morte é triste e irreversível. Porém, o fim não desejado de uma história de amor carrega em si um drama maior. Existe uma sensação de fracasso, de derrota e, quase sempre, um vago sentimento de culpa que acompanha a inevitável pergunta: "Onde foi que eu errei?" Quando o sentimento de culpa não impera, fica uma noção de impotência e uma idéia dolorosa de estar sendo vítima de uma injustiça: "Fiz tudo direito, amei e me comportei bem, fui fiel, não merecia isso", como se ser amado fosse merecimento.
Muitas vezes perdura a frustrante ilusão de um retorno que não acontece. Lidar com os destroços de um amor encerrado pelo parceiro – em geral, sem que se saiba direito o que aconteceu e como – é uma tarefa penosa, tal qual tentar sobreviver a um naufrágio. A sensação de que as emoções estão mortas dentro de si, nos acompanha o tempo todo.
Mas a vida ressurge. Sempre. Ela é mais forte do que a tristeza: supera o peso da dor e ergue-se impávida. Não cessa e ressurge sempre, mesmo quando parece não haver mais nada. Pode demorar. Quem já passou por isso sabe que um dia todo o sofrimento passa, a tempestade se desfaz, o bom tempo volta e o sol torna a brilhar, a aquecer a alma e a iluminar os caminhos.
Quem ainda não chegou a esse momento pode acreditar: isso passa, pode demorar, mas passa. É preciso manter viva a chama da esperança e acreditar na capacidade de ressurreição do coração arrasado. Sempre haverá no futuro a possibilidade de um novo amor e é necessário estar preparado para receber essa dádiva preciosa.
E um dia, por vezes nem tão distante assim, a nova paixão ilumina com seu brilho a alma, como o sol que ressurge e nos aquece após um longo período de mau tempo. Ou como a primavera que rebrota depois de um longo e escuro inverno. A vida se impõe. Sempre.