por Roberto Santos
No meu caso, não esqueço porque foi o início de uma carreira de 11 anos em RH da General Motors, como estagiário.
Bem, era para ser estagiário mas antes mesmo de começar o estágio me chamaram de novo para oferecer uma vaga de efetivo – que maravilha! Só que eu não tinha ideia de quanto colocar naquele espaço -"salário pretendido" – e assim "chutei alto" (mais do triplo da bolsa de estágio), morrendo de medo de perder a oportunidade e prontíssimo para negociar. Qual não foi minha surpresa quando aprovaram sem pestanejar. Mais tarde, vim a saber que a vaga pagava ainda mais do que o pretendido, mas me deram o que eu pedi e reajustaram depois da experiência. Um bom começo, não?
Apesar disso, sei que a primeira entrevista nunca é fácil para a maioria das pessoas. Algumas pessoas escrevem para a coluna Cyber Carreira (veja dicas aqui) para pedir dicas de como agir, o que fazer e o que evitar. É o que me proponho fazer aqui, baseado em minha experiência como entrevistado e como entrevistador – que foi o cargo que assumi naquela seleção que compartilhei acima.
Muitas dicas valem para entrevistas de emprego na maior parte da vida profissional enquanto que outras são mais específicas para os "calouros" de processos seletivos.
Entrevista é uma ponte de duas mãos
Os bons entrevistadores sabem fazer perguntas e sabem ouvir as respostas, bem diferente do Jô Soares em seu estilo narcisista de entrevistar. Apesar de não haver uma regra rígida, o entrevistado deveria falar pelo menos 80% do tempo. E a diferença de 20% com quem fica? Se o candidato for esperto e bem preparado, ele/ela vai extrair o máximo de informação possível do entrevistador: dados sobre a empresa, cargo, departamento, as políticas de RH, etc.
A comunicação deve ser de duas vias, mas quem comanda o "trânsito" é o entrevistador e se o candidato fizer perguntas inteligentes e pertinentes, ele aproveitará melhor essa ponte.
O acerto na seleção começa antes da entrevista
Do lado da empresa, o profissional de Recrutamento e Seleção deve se preparar para o processo seletivo, de modo a minimizar o número de entrevistas que terá que fazer, sabendo muito bem o perfil que precisa atrair. Mas aqui, nosso foco é o entrevistado/a e muitos falham na preparação para sua entrevista, achando que é só uma questão de aparecer na data e horário marcados e responder o que perguntarem. Errado! Se houver uma chance de saber algo sobre a vaga ou pelo menos sobre a empresa, antes da entrevista, no primeiro contato telefônico, melhor ainda, caso contrário, vamos usar da inteligência e imaginação para nos prepararmos.
Pesquisar qualquer coisa sobre a empresa na era DG (Depois do Google) ficou muito mais fácil, mas ainda assim poucos fazem essa pesquisa prévia e esses se diferenciam, pois mostrarão interesse, iniciativa e curiosidade intelectual: atributos bem-vindos independente da área à qual se candidata. Refletir sobre quais seriam os possíveis requisitos da vaga e pensar nas conexões daqueles com seu currículo lhe permite adotar um papel pró-ativo na situação que costuma ser bem apreciado pelas empresas.
Também fundamental é a preparação de algumas perguntas-chave sobre a vaga, para que você saia com mais elementos para decidir passar para a próxima etapa, se for de interesse da empresa. Mas guarde isso: perguntar pelo salário na primeira entrevista pode ser fatal! Não conheço selecionador que goste que o candidato escolha essa como sua pergunta na primeira entrevista, quando a empresa nem decidiu se ele(a) preenche os requisitos. Espere o processo evoluir, pois assim terá mais elementos para negociar.
Na segunda parte deste artigo vou dar todas as dicas e detalhes para você ir bem preparado para a entrevista. Até lá!