Por Edson Toledo
A palavra menopausa foi usada pela primeira vez em 1821 pelo médico francês Charles Pierre L. de Gardanne no livro intitulado “De la Menopause: Ou de L’Age Critique Des Femmes” (Menopausa: ou a idade crítica das mulheres). Dizem os médicos que o termo está relacionado à ultima menstruação, mas acabou se popularizando como sinônimo de climatério.
A partir dos 45 anos, as mulheres já começam a viver a perimenopausa, ou seja, já têm sintomas provenientes da diminuição da produção de estrogênio, principal hormônio secretado pelo ovário. Ou seja, é a fase que marca o fim da vida reprodutiva da mulher e antecede a menopausa.
Os sintomas da perimenopausa levam muitas mulheres a pensar que estão na menopausa antes da hora, os principais sinais são:
– irregularidade da menstruação;
– calor;
– suores noturnos;
– diminuição da libido;
– problemas urinários;
– irritabilidade;
– hipertensão;
– dores de cabeça;
– vertigens e em geral causa estresse ao organismo feminino.
Os sinais da perimenopausa não são se resumem aos aspectos físicos. A deficiência de hormônios também pode atingir o sistema emocional, fazendo com que o ritmo das oscilações aumente ou diminua a intensidade dos sintomas, que são percebidos conforme a sensibilidade de cada mulher. Portanto, pode variar de mulher para mulher. Aqui, uma das mais complexas implicações é a depressão.
A médica ginecologista e professora da Faculdade de Medicina da UFRJ, Flavia Tarabini, afirma: “É a hora em que a mulher percebe o envelhecimento e, na nossa sociedade, infelizmente, isso pode levar a quadros depressivos”.
A depressão na perimenopausa, é uma doença ainda pouco reconhecida. Mas esse cenário tende a mudar nos próximos anos. A razão disso está no fato de que em outubro de 2018, surgiram as primeiras diretrizes para o diagnóstico e tratamento da depressão na perimenopausa.
O conjunto de critérios para avaliação e tratamento foi elaborado por especialistas da Sociedade Norte-Americana de Menopausa e Rede Nacional de Centros de Depressão para Mulheres dos Estados Unidos. O documento foi endossado pela Sociedade Internacional de Menopausa e as diretrizes estão disponíveis nas revistas científicas Menopause e Journal of Women’s Health.
A questão aqui, é que as alterações hormonais combinadas a rotinas estressantes, a problemas físicos e à falta de apoio para lidar com mudanças podem afetar a capacidade do cérebro. Assim, o órgão pode se tornar ligeiramente incapaz de lidar com tantos desafios.
Explica Pauline Maki, professora de psicologia e psiquiatria da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos e coautora das novas diretrizes: “Não é de surpreender que a depressão seja uma ocorrência comum nas mulheres de meia-idade. Os relacionamentos podem sofrer abalos e as realidades do envelhecimento também podem se tornar bem aparentes.
As perturbações no sono causadas por ondas de calor também contribuem para o desenvolvimento de sintomas depressivos. Diante de tantos fatores, encontrar a origem – ou as origens – da depressão torna-se um trabalho complicado, ainda que necessário para estabelecer o manejo adequado.
O que se observa, é se a paciente demonstra indisposição por conta da má qualidade no sono, causada pelos suores noturnos e pela perda da vontade de dormir, o mais indicado são tratamentos com hormônios.
Agora, se a mulher apresenta histórico prévio de depressão, as terapias com antidepressivos revelam-se mais eficazes.
Já as terapias cognitivo-comportamentais, seja com ou sem antidepressivos, são mais indicadas a pacientes com problemas familiares associados ou ainda relacionados ao trabalho.
Por fim, a atriz Gwyneth Paltrow, de 46 anos, que usou recentemente as redes sociais para expor um momento inerente à existência de toda mulher: a perimenopausa e a menopausa. Fato que independentemente da conta bancária, da classe social ou da etnia, ser mulher é também passar por isso, em menor ou maior grau.