por Edson Toledo
Uma das fases do sono, a chamada REM, foi descoberta em 1953 por dois pesquisadores (Aserinsky e Kleitman). Eles observaram que havia um estágio do sono no qual nossos olhos se mexiam muito rapidamente, daí o nome REM, abreviação de rapid eye movements (movimentos oculares rápidos). Neste estágio, o corpo fica “mole” com a diminuição global do tônus muscular. É nesta fase que ocorrem os sonhos.
Entende-se como sono REM um estado comportamental diferente do estado de vigília e do sono profundo. É uma fase em que o cérebro está ativo e o corpo ativamente paralisado para que a pessoa não saia fazendo o que está sonhando.
Nos seres humanos, o primeiro estágio do sono é superficial. Nos 30 ou 40 minutos seguintes, paulatinamente ele atinge sua fase mais profunda. Duas horas depois de terem adormecido, as pessoas entram no sono REM, fase em que ocorre o desligamento da musculatura corporal e aparecem os movimentos oculares rápidos, marcadores fáceis de serem percebidos com monitorização laboratorial pelo perfil de atividade das ondas cerebrais. Se acordadas nesse período, 95% das pessoas dirão que estavam sonhando.
Já os pesadelos são experiências mentais vividas de maneira realista que são experimentadas durante o sono profundo. O pesadelo pressupõe a ativação do sistema nervoso autonômico simultaneamente com o conteúdo de um sonho desagradável para aquela pessoa em particular, porque o que é considerado pesadelo para uns, deixa de sê-lo para outros. Não é o sistema nervoso atuante, mas a carga emocional que faz acordar.
O pesadelo pode surgir de um estímulo neutro sem a menor relação com o que aconteceu durante o dia ou pode ser recorrência de um fato traumático já vivido. Normalmente, a pessoa que tem um pesadelo desperta suando, com frequência cardíaca acelerada e sensação de angústia.
Como os períodos do sono REM são mais frequentes à medida que a noite avança, temos a impressão de que os pesadelos ocorrem mais comumente nas primeiras horas da manhã.
Algumas das funções atribuídas ao sono REM incluem a manutenção do equilíbrio geral do organismo, a liberação de substâncias que regulam o ciclo vigília-sono e a temperatura corporal e, finalmente, a consolidação da memória.
Embora os pesadelos sejam mais comuns nas meninas, nas mulheres em idade adulta, seguidas das mulheres de terceira idade e menos prevalentes nos idosos do sexo masculino. Não existem estudos a respeito dessa distribuição. Talvez haja alguma intercorrência da personalidade feminina ou de seu perfil hormonal. Crianças talvez tenham mais pesadelos, porque sua capacidade de absorver acontecimentos negativos é limitada pela falta de experiência e maleabilidade de comportamento.
Evidentemente, ninguém gosta de ter sonhos violentos ou assustadores. Entretanto, tais acontecimentos podem ter um proposito importante para a sua saúde mental.
Embora sua função ainda não seja totalmente compreendida, uma nova teoria procura desmistificar esses acontecimentos; ela diz que como somos visitados por uma quantidade imensa de emoções no cotidiano, muitas vezes ficamos confusos e não sabemos lidar com os vários aspectos de determinada situação. Em função de vivermos essas aflições enquanto estamos acordados, tais preocupações são, naturalmente, levadas para a cama na hora de dormir. Assim, segundo pesquisadores, os sonhos ruins ocorreriam exatamente nesse momento, funcionando como um tipo de processador emocional.
Explicando melhor, como o cérebro precisa manejar medos vagos e imprecisos que sentimos no dia a dia, ao organizá-los em forma de histórias fantasiosas um pouco mais elaboradas, nossa mente consegue gerar um melhor contorno de interpretação. Assim, as inquietudes incompreensíveis, ao se tornarem componentes de uma experiência sonhada, ainda que fictícia, torna-se mais facilmente superáveis por nossa mente consciente.
Então, as emoções difusas se tornam mais inteligíveis, ou seja, nossos pesadelos podem ser compreendidos como “laboratórios” ou “fábricas de sentido”. Ao fazer isso, ajudam a mente a ter uma ideia mais clara sobre o que nos aflige. Assim, muitas vezes são bizarros ou inimagináveis, pois aparentemente unem coisas que não podem logicamente ser unidas. Ao que tudo indica, uma das funções do sonho atribulado seria transformar nossos temores mais vagos em memórias.
Além disso, como o pesadelo é vivido como um fato que já aconteceu (ou seja, ficou no passado), as aflições são naturalmente trasladadas para a memória, removendo os medos dos horizontes presentes e futuros.
Dessa maneira, os pesadelos nos ajudam a nos distanciarmos de nossos temores. Portanto, se você é uma das pessoas que às vezes, são importunadas por essas vivências, não se aborreça tanto.
Ao sonhar coisas ruins, você está apenas tomando consciência do mecanismo emocional que não seria facilmente executável se estivesse acordado. Precisamos dos sonhos ruins para processar as coisas negativas que ocorrem conosco, o que nos deixa mais fortes.