por Valéria Meirelles
Neste artigo transmitirei regras básicas de segurança na moto – na rua e em estrada – de todas as formas possíveis: sozinho (a), com garupa ou em grupos. A conduta segura é fundamental para evitar acidentes.
A segurança começa desde a roupa e dos equipamentos. Quando comecei a andar de moto, várias pessoas me perguntavam por que são necessárias roupas de couro da cor preta, botas, jaquetas, calças cheias de reforços e tantos outros acessórios. Afinal, muitas vezes, esse tipo de vestuário parece servir apenas para 'colocar pressão' e criar um estilo. Ledo engano.
O capacete é item fundamental. Quando caímos, nossa cabeça, em função da gravidade, aumenta de peso. Se estamos em velocidade, esse peso é maior ainda. Portanto, protegê-la (de preferência com capacete fechado e com selo do Inmetro) não só é obrigatório como vital.
Não valem aqueles pequenos, chamados 'coquinhos', pois não protegem nem são autorizados. Um detalhe importante: capacete tem prazo de validade que deve ser observado. Também deve estar bem ajustado na cabeça e travado, sem muita folga. Assim como sapatos há números para cada tamanho de capacete.
Esse importante acessório deve ter uma viseira para a proteção da chuva e de insetos, ciscos ou pedrinhas, pois não há um vidro entre nós e a moto. Colar um adesivo reflexivo para ser visto à noite e outro adesivo contendo nome e tipo sangüíneo na lateral, também são detalhes importantes que podem salvar sua vida em emergências.
Andar de moto sem capacete, nem pensar! Além de se colocar em risco, o motociclista pode levar multa gravíssima de 7 pontos e ter a carteira cassada.
Usar óculos contribui com a viseira e aumenta a proteção dos olhos. À noite há os amarelados para facilitar a visualização e atenuar os efeitos das lâmpadas e faróis dos carros. Devem ser leves para evitar machucar o rosto quando se coloca o capacete.
Tronco e braços
Todos sabem que o corpo do motociclista é seu pára-choque, daí a importância de protegê-lo muito bem. Uma boa jaqueta, seja de couro, lona ou material resistente, com proteção nos ombros e cotovelos previne na hora de uma eventual queda, amortecendo as áreas que primeiro vão para o chão. Os punhos devem ser justos a fim de facilitar a movimentação. Zíper é melhor que botão, pela praticidade. Recomenda-se que a jaqueta tenha bolsos para guardar dinheiro, documentos e a chave da moto e que, assim como o capacete, não seja muito larga a fim proteger adequadamente o corpo.
O couro é bastante utilizado pois é um material que oferece baixa resistência ao atrito no asfalto, facilitando o motociclista rolar ou deslizar em caso de uma queda. Já a cor preta é uma questão de ordem prática: há muita fuligem e poluição que são disfarçados com essa cor. Já pensou uma roupa de couro branco no trânsito de São Paulo, por exemplo?
Para as mãos, luvas. Há vários modelos, desde as mais simples, até as mais sofisticadas. Mas o importante é protegê-las do sol, vento, frio, chuva e fuligem, pois precisamos delas para acelerar. As de couro costumam ser mais macias com melhor aderência às **manoplas. Há luvas impermeáveis, para dias de chuva. É preciso sentir nossas mãos bem confortáveis e firmes, principalmente em estradas com muita ondulação e buracos.
Pernas e pés
Para as calças vale as orientações a respeito das jaquetas. Existem peças com proteção lateral e nos joelhos, partes que invariavelmente ficam mais expostas. Calças jeans são boas também, mas sempre com a barra estreita para evitar ficar preso nos comandos.
Os calçados são outros importantes itens de segurança: solados de borracha, que ofereçam aderência ao se pisar no chão; botas sem salto que facilitem o encaixe nos pedais. Há botas de cano curto, médio e longo em vários modelos, inclusive impermeáveis. As de cano longo costumam ter proteção para os tornozelos. Evite sandálias e chinelos, pois não oferecem segurança, além de expor muito os pés.
Para os dias de chuva, é fundamental uma capa. Não viaje sem ter uma, pois o tempo varia muito. Por experiência própria, digo que é horrível ficar encharcada pilotando em uma estrada pois isso atrapalha a concentração e, conseqüentemente, os reflexos.
No frio, atenção: agasalhe-se bem e lembre-se que com a moto em movimento a temperatura cai. Use roupas de lã macias e luvas revestidas com lã de carneiro – é bem quentinho e não atrapalha a sensibilidade. Um lenço no rosto ou ***balaclava são bons para aquecer mais, principalmente se não conseguir usar capacete fechado.
Para os mais cuidadosos, uma dica: use filtro solar. O vento e o sol direto em nossa pele fazem com que ela fique mais sensível.
Cada motociclista cria seu estilo e encontra o jeito mais confortável para se proteger. Muitos enfeitam suas jaquetas com ****pins, frases, bandeiras, diferenciando-se dos demais em detalhes, o que é muito natural.
Depois de saber como se proteger para subir numa moto, vamos à prática: a concentração ao pilotar é fundamental, especialmente porque algumas decisões e manobras exigem reflexo rápido. Não dá para falar ao celular e fumar, por exemplo.
Antes de sair de casa, visualize o roteiro a ser percorrido, principalmente se for viajar, pensando no ambiente que terá pela frente (vias de muito trânsito, caminhões, buracos, tipo de pavimento, etc.) para evitar surpresas e perigos. Verifique a calibragem dos pneus ('carecas', nem pensar!) e se as luzes (painel, lanterna, piscas, farol) estão funcionando.
No trânsito, as leis existem para serem cumpridas: faixa de rolamento da esquerda só deve ser utilizada para ultrapassagens, portanto, faixas de rolamento central e da direita são para deslocamento seguro, o que vale para ruas, avenidas, marginais e rodovias; é proibido parar em pontes; pilotar sempre com farol aceso (farol apagado, além de não contribuir para a visibilidade da moto, também dá multa).
Manter a moto em dia, bem cuidada, principalmente na parte técnica faz diferença. Procure fazer um check-up a cada seis meses, vistoriar os comandos, cabos, freios, filtros de óleo e ar, bateria e trocar o óleo.
Para a garupa, valem as mesmas regras tanto de vestuário quanto condições de segurança. Recomenda-se deixar sempre os pés nas pedaleiras e observar os movimentos do corpo do piloto, para junto com ele, dar estabilidade à moto, principalmente nas curvas. Uma dica: ao subir e descer da moto sempre avise o piloto, pois a moto não deve estar inclinada e precisa ser segurada para evitar quedas.
Viajar de moto envolve preparo e planejamento. Racionalizar a bagagem é importante, pois o espaço é restrito. Procure prendê-las firmemente na moto, assim não correrão o risco de se soltarem e provocar acidentes. Leve roupas práticas, que não amassem e que não ocupem muito espaço, como as malhas. Na frasqueira, embalagens pequenas e em miniaturas para xampus e cremes facilitam a vida e economizam espaço.
A moto deve estar preparada e você e sua garupa descansados, pois preparo físico contribui para uma viagem agradável, sem dores nas costas e no corpo em geral. Chegue na estrada com o tanque cheio, leve dinheiro em espécie, de preferência trocado, em local de fácil acesso para pegá-lo. Alguns estados do Brasil, como Rio de Janeiro e Paraná cobram pedágios para as motos. Inclusive, se tiver que pagar pedágio, atenção ao óleo que costuma ter na pista, perto da cabine de cobrança. Levar o celular com a bateria carregada é um conforto e também mais um item de segurança. E como motociclista adora viajar em grupo, respeitar o horário de partida, bem como as regras de conduta em estrada que adotam é fundamental para um bom entrosamento e viagem agradáveis.
Todos esses cuidados, ao contrário do que podem imaginar, fazem parte de um agradável "ritual" de pertencimento e cuidado com aquilo que nos dá prazer. E está longe de ser considerado um trabalho.
Um prazer tão grande que contribui significativamente para a qualidade de vida de muitas pessoas. É sobre isto que escreverei no próximo artigo, quando serão apresentados dados de uma pesquisa realizada por mim com vários motociclistas.
Até lá!
*Coquinhos: capacetes que se assemelha em formato a uma cuia, ou meio côco, muito frágil e não reconhecido pelos orgãos de segurança.
**Manoplas: são as pontas do guidão onde o motociclista segura e comanda a moto. A da direita é a do acelerador da moto e da esquerda é fixa.
***Balaclavas: protetores de lã ou malha, para a cabeça e o rosto, deixando de fora apenas os olhos
****Pins: enfeites que são fixados nas roupas ou coletes, tipo um brochinho.
Agradecimento:
Pégasus Motoclube, de São Paulo, representado pelo seu presidente Milton Falcão, por disponibilizar informações importantes que utilizam no Curso de Conduta oferecido aos associados. Mais uma vez se revela o lado social e solidário do motociclismo.