PNL e biodança ajudam a desenhar mapa positivo da vida

por Alex Botsaris

Às vezes, a impressão de ter acordado com o pé esquerdo é quase diária. Parece que tudo dá errado… Segundo o filósofo Epíteto, não são as coisas que levam o homem ao sofrimento, mas a interpretação que o homem faz dessas coisas. Nessa mesma linha, atua a Programação Neurolingüística (PNL).

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Trata-se de uma ferramenta focal-breve, que estuda os padrões (“programação”) criados pela interação entre o cérebro (“neuro”), a linguagem (lingüística) e o corpo. Em outras palavras, ela estuda como o ser humano funciona e como ele pode escolher a maneira que quer funcionar.

A PNL tem algumas pressuposições, que são princípios-guia: aquelas idéias ou crenças aceitas e postas em prática. Uma delas diz que: o mapa não é o território. Esse “mapa” nada mais é do que as representações sobre o que cada um percebe da realidade. O território pode ser visto como a situação. Por exemplo, duas pessoas podem estar numa mesma reunião familiar e, ao sair, relatar festas diferentes. Uma pode descrever o encontro passando uma imagem positiva: a comida estava gostosa, os primos mataram as saudades, o papo interessante. Já o segundo freqüentador do jantar pode ter uma avaliação oposta, considerando apenas os pontos negativos: o vinho tinto não estava bom, a sopa demorou, tinha gente demais na mesa, as crianças gritavam muito, etc. Como diria Guimarães Rosa: “Cada um vê as coisa dum seu modo (sic)”. É claro que o “mapa” de cada pessoa precisa ser respeitado, mas sem sombra de dúvida aqueles que vêem o lado positivo da vida são mais felizes. Sempre que ocorrem fatos ou situações em nossas vidas, é preciso conseguir enxergar o lado positivo do ocorrido, para traçar o melhor mapa possível. O mapa mais positivo sempre leva a pessoa a dias melhores.

As crenças e convicções das pessoas podem tornar-se uma profecia auto-realizadora. Nós tendemos a concretizar o que falamos. Quando a pessoa acha que é incapaz de realizar algo, segundo os especialistas em PNL, ela estará bloqueada para agir de forma eficaz. Tudo é sistêmico: os pensamentos se tornam bioquímica no corpo. Não é à toa que a maioria das pessoas estressadas e infelizes acabam adoecendo. As visões negativas do mundo e o medo de falhar funcionam como um fator limitante para o indivíduo. Em muitos casos são as próprias pessoas que criam as “jaulas” onde ficam presas, infelizes e clamando por liberdade.

Assim, o pensamento positivo sempre é bem-vindo! O melhor é fazer o possível para encarar as situações, por pior que sejam, de forma construtiva, usando-as como aprendizado para o crescimento pessoal. Eu mesmo aprendi essa lição quando um dos meus filhos morreu. Canalizei todo o sentimento de perda no livro “Sem Anestesia”, que tem ajudado muitas pessoas. Em vez de ficar me lamentando, transformei a dor da perda em coragem, que tenho empregado até hoje, para sustentar argumentos que incomodam alguns e pedir a quebra dos tabus da medicina. Minha principal premissa é: meu filho já está morto, não há como reverter isso. Mas se posso evitar que o mesmo aconteça a outras crianças, vou fazê-lo. Cada vida que ajudar, será como um pedacinho do meu filho que também retorna à vida. Quem fica focado nos aspectos ruins de sua vida, em vez de aproveitar os bons, vai realizar pouco e viver se queixando da própria sorte.

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"Quem não se comunica se trumbica"

Nesse mesmo sentido, podemos considerar que a capacidade de se comunicar e expressar nossos sentimentos é fundamental. Como já dizia o comunicólogo e apresentador Chacrinha, “quem não se comunica se trumbica”. Ao expressar nossas idéias e sentimentos, criamos uma relação com o mundo e as pessoas que permite uma troca, que sempre nos traz bons frutos. É nessa premissa que se baseia a biodança. Ela é uma terapêutica que combina alegria com expressão corporal, arte e expressão cultural. Criada pelo psicólogo chileno Rolando Toro de Arañeda em 1960, ela trabalha a emoção com base em cinco linhas de vivência: vitalidade, sexualidade, afetividade, criatividade e transcendência. A biodança acredita que as emoções são potentes fontes de energia psíquica que ficam bloqueadas. Quando deixamos as emoções saírem, essa energia pode ser usada em nossa vida pessoal e profissional de várias formas.

Retomando a questão da morte do meu filho, sob o escopo da biodança, ocorreu o seguinte. O evento foi súbito causando uma avalanche de emoções onde a dor era a espinha dorsal. Há que ter coragem e resistência para suportar isso. Mas com o tempo, as emoções piores como raiva e culpa se dissipam um pouco e a cabeça foi clareando para surgir as idéias como a de escrever o livro. Se estivesse sob tratamento de biodança, seria estimulado a reviver minha dor, expressando-a com meu corpo, nas sessões. Como não dispunha desse recurso, chegava em casa e me prostava sobre a cama, em posição fetal, onde sofria e chorava, pensando na via crucis do meu pequeno e indefeso Milton nesse mundo cruel das UTIs. Permitindo que a emoção saísse e expressando-a no meu corpo, consegui elaborar tamanha perda, e transformá-la na energia para escrever o “Sem Anestesia”.

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O poder da música e da dança sobre o espírito humano é de conhecimento de todos. Pesquisas científicas feitas sobre vários tipos de dança mostraram que todas essas práticas melhoram o humor e ajudam a reduzir o estresse. As principais vantagens do tratamento pela biodança são: a rapidez, a durabilidade e o baixo custo. Sem falar, que ela associa prazer e tratamento.

Baseando-me da minha própria experiência, e no meu conhecimento, aqui vão alguns conselhos para quem gostaria de criar um mapa positivo em sua vida, melhorar sua expressão emocional, e assim viver em maior harmonia:

Dicas práticas para criar um mapa positivo da vida

– Encare os conflitos e tente resolvê-los sem se colocar na posição de vítima.

– Diante de dificuldades, em vez de reclamar, trate-as como um desafio e uma oportunidade de desenvolver sua força interior.

– Tenha objetivos ambiciosos, mas se contente com o pouco também. Assim, tudo o que conquistar virá de bom grado.

– Semeie pensamentos positivos à sua volta, especialmente com relação às pessoas mais próximas, pois elas são importantes agentes de sua felicidade e prazer.

– Valorize as pequenas coisas: ouça sua música preferida, aprecie o pôr-do-sol, a chuva, um sorriso, e tudo mais que surgir em sua vida. A felicidade é feita de muitos pequenos momentos felizes.

– Expresse, sempre que possível, suas emoções. Quando você as guarda, elas acabam afetando sua clareza e atrapalham sua felicidade.

– Quando tiver emoções muito intensas, haverá dificuldade para vivenciá-las e expressá-las. Nesse caso, vale buscar as expressões artísticas (música, dança, desenho, escrita) como canal de expressão dos seus sentimentos. Mas nunca deixe de expressar suas emoções por mais difícil que seja

Atenção!
Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento