por Samanta Obadia
A estatística apresentada em revista eletrônica nacional aponta 9% da população do Brasil com algum tipo de transtorno de ansiedade. Triste percepção diante de um povo famoso por sua alegria e cordialidade.
O que vemos aqui é o resultado da ganância e da busca desenfreada pela “vantagem em tudo” diante da ingenuidade de uma gente gentil, ao longo de décadas. Cariocas, paulistas, nordestinos, sulistas, indígenas, mineiros, estrangeiros. Macumbeiros, católicos, protestantes, judeus, espíritas, maçons. Onde está a fé múltipla de uma galera que se construiu junta e misturada?
A alegria de tantas etnias é anestesiada na direção do pânico e da depressão miúda que cresce e se estabelece como presença.
Falta de segurança, corrupção na política de todos os lados, juízes injustos, ídolos suicidas, líderes enfraquecidos, Estados falidos. Famílias divididas, comunidades escassas. Em quem se pode buscar apoio? Como ter fé na humanidade, quando a própria definição do que deve ser minha espécie não coincide com o que me ensinaram a acreditar? Em quem posso me inspirar, senão no vazio, na escuridão?
A fé no ser humano está fragilizada. A definição aristotélica de homem como ‘animal racional político e social’ não é a que enxergamos ao ver seres que atropelam seus pares inocentes simplesmente para aniquilar.
A síndrome do pânico que chegou ao padre * é só um sintoma da fé de um povo deprimido e estressado por tanta exploração.
Um indivíduo diagnosticado em crise usará remédios em troca de alívio temporário.
Contudo, como podemos drogar uma comunidade inteira que perde sua fé na vida?
É preciso estar lúcido, é preciso ter coragem para sentir o medo e a dor que ele traz, é preciso ter ousadia para enfrentá-lo e entender que para encontrar um caminho temos que ter consciência de nossa força juntos enquanto povo fiel a nossa origem, a humana.
*(Padre Fabio de Melo assumiu que teve síndrome do pânico em rede nacional)