por Patricia Gebrim
Sentada serenamente em minha sala, acompanho o movimento das árvores lá fora enquanto peço ajuda e me inspiro para escrever sobre a paz.
Não é fácil falar em paz em um mundo fervilhante como o nosso e por vezes trágico… Quem não ficou pasmo com o massacre em Newtown? Ainda assim, me arrisco a escrever estas linhas, guiadas por minha intuição, por minha alma e por uma inquietação que agita meu íntimo.
Se ainda hoje os especialistas não encontram soluções para os conflitos que mais ameaçam o nosso planeta (veja o caso do Oriente Médio), no meu entender isso não significa que não exista uma solução, e sim que ainda não atingimos o nível de consciência necessário para que a solução possa ser encontrada. A humanidade ainda não atingiu a massa crítica necessária para que uma mudança de consciência se dê, e esse é o real motivo da nossa dificuldade em encontrar um caminho para a paz.
Todos os seres vivos possuem uma conexão invisível, uma ligação oculta, e isso precisa ser levado em conta quando falamos sobre a paz no nosso planeta, é uma chave preciosa que temos deixado escapar de nossos dedos materialistas demais para considerar a profundidade dessa verdade. Ora, se estamos todos conectados em algum nível mais profundo, isso significa que não podemos nos elevar sem que todos se elevem. Significa também que podemos de alguma forma aprender a tocar as outras pessoas através dessas conexões ocultas.
Precisamos caminhar em direção à paz como um todo, por mais que isso seja algo difícil de compreender para aqueles que ainda têm um nível de consciência baseado na separatividade. Para esses, bastaria que se exterminasse o mal, e tudo ficaria bem. Não sabem eles que o mal é parte de si. Agem como se a resolução para uma paralisia em nossa mão, fosse cortá-la fora.
É preciso que encontremos formas de curar e restabelecer o equilíbrio; integrando, e não excluindo, as partes desequilibradas. Não é fácil, eu sei. É fato que existem em nosso planeta grupos com níveis de consciência muito baixos, capazes de crueldades inimagináveis. Mas não seremos capazes de resolver isso simplesmente exterminando essas pessoas. A saída não pode ser ter de destruir ou enclausurar todos os menos favorecidos em consciência. Mesmo porque outros surgirão. Outros ditadores, outros grupos, assim vem sendo há séculos! E ressurgem com cada vez mais ódio, mais ressentimento, numa cascata de sangue que escreve versos que falam sobre a nossa ignorância, perpetuando esse ciclo interminável de retaliações, “olho por olho, dente por dente”.
Precisamos urgentemente dar esse passo em nossa evolução. Precisamos incluir uma dimensão a mais para encontrar a solução para o ódio, para a injustiça e para a crueldade que cria tanta dor em nosso planeta. A solução não está nas armas, tampouco na aplicação de mais força, mais violência, mais ódio ou mais guerras. Isso só gera cada vez mais da mesma energia. Mais e mais ódio.
A solução final só poderá ser atingida quando chegarmos, enquanto espécie, a um ponto evolutivo mais alto. Assim, quanto mais pessoas sustentarem um nível de consciência no qual prevaleça a paz, o respeito pelas diferenças, a disponibilidade para o diálogo; mais próximos estaremos do momento libertador no qual inverteremos os pesos dos pratos da balança até que a paz pese mais. Quanto mais formos capazes de criar paz em nossos pensamentos, ações e relações, mais próximos estaremos da possibilidade de encontrar uma solução pacífica para os conflitos que assolam o nosso planeta. Estaremos caminhando na direção de criar uma massa crítica capaz de operar uma mudança significativa de consciência na raça humana.
Essa nova visão de paz poderá, tal como um pensamento que vai caminhando de neurônio para neurônio, iluminar toda essa rede humana feita de infinitas conexões. E então até mesmo os mais extremistas, os mais cruéis, os mais ignorantes, os mais cegos, os mais perdidos, sofrerão uma elevação em seu nível de consciência, aproximando-se de um ponto onde as negociações tornem-se possíveis, o ponto em que o caminho em direção à paz seja real.
Precisamos assumir a responsabilidade pela realidade que temos criado, cada um de nós. Se hoje ainda não temos paz, é sinal de que ainda não evoluímos o suficiente para desejá-la acima de tudo; acima do desejo de vingança, acima do orgulho, acima de nossa belicosidade animalesca.
Ouçam. A guerra é responsabilidade de cada um de nós, e não apenas de um grupo de pessoas que a faz acontecer. Compreenda que aquilo em que você acredita, os pensamentos que tem, as pequenas decisões de sua vida e tudo o que se passa em seu íntimo influencia muitas pessoas, mais do que você possa imaginar. Cada um de nós faz uma aposta energética neste planeta, e a soma das apostas cria a realidade em que vivemos. Para mudar a realidade não é preciso que todas as pessoas tenham atingido um nível superior de consciência. Basta “o centésimo macaco”. A metade mais um. Você pode ser esse um, pense nisso.
Compreender isso é algo que requer um mínimo de espiritualidade.
Somos os autores de nossa história e acreditem… Podemos fazer diferença.