Por Roberto Goldkorn
Há dois anos, escrevi um artigo sobre o Francisco de Assis, não o santo, mas aquele que ficou tristemente conhecido como o Maníaco de Parque. Na ocasião, examinava os aspectos espirituais por trás do comportamento do assassino, e alertava que outros acasos escabrosos, onde os pivôs seriam pessoas comuns, ou seja, não-bandidos.
Para a vítima e para todos nós, as vítimas sociais, crime é crime, e quando sucumbe o Tim Lopes nas mãos de bandidos vingativos, ou o ex-deputado moto-serra encena filme trash de 3ª na real, ficamos igualmente chocados e sofremos. Mas ao investigador do oculto, esse nivelamento não serve e precisa ser diferenciado.
Recentemente, tivemos aqui no Brasil quatro crimes que chocaram a opinião pública por terem todos representado violentas subversões das regras morais que em geral agem como limitadores emocionais. O primeiro foi o crime conhecido como "da família Richtoffen" onde a filha e o namorado se uniram para matar os pais dela.
Se consultarmos os anais da criminologia, veremos que filhos assassinos dos pais são acontecimentos muito raros. O segundo foi o do menino de 16 anos do interior, creio que de São Paulo, que atirou nos colegas e se suicidou em seguida. O terceiro, foi o do médico que matou com "requintes de crueldade" a sua paciente. Além do assassinato em si, a relação médico paciente tem regulações antigas e muito fortes. O quarto foi o do casal de Campinas, que atirou um menino, com menos de dois anos de idade, contra o pára-brisa de um carro e bateu com a cabeça da filha contra uma árvore. O quinto o do pai que matou a filha de dois anos, num quarto de hotel em BH, por asfixia ou envenenamento.
O que há de comum nesses crimes? Em primeiro lugar o fato de terem sido praticados por pessoas sem antecedentes criminais. Em segundo, o fato de serem violações gravíssimas do código moral não escrito que rege a nossa sociedade, o que me leva a chamá-los de supra crimes. O que há por trás, desses supra crimes? Antes de tentar responder a essa pergunta, devo dizer, que essa é apenas a minha opinião, e não corresponde a posição de nenhuma instituição ou escola filosófica ou religiosa.
Por que acontecem crimes bizarros?
Além disso, a formulação e aceitação desse conceito não representa a negação de outras explicações sociais, psicológicas ou qualquer que seja a origem. Vejo os supra crimes como a manifestação de uma energia espiritual (por falta de um nome que a defina melhor), que como uma nuvem negra paira sobre o mundo, exibindo nuances de vibração e densidade diferentes em diferentes partes do planeta.
Sobre o Brasil, ela assume um caráter de excepcional malignidade, mas não se interessa por massas humanas e sim por pequenos grupos e/ou indivíduos isolados. Essa força é algo VIVO, e como tal se alimenta como uma ameba gigantesca de energia afim. Sua alimentação se dá por cooptação, ou seja, em sua inteligência primitiva ela detecta indivíduos ou pequenos grupos, "captura-os" em seu campo vibratório e exerce uma influência sobre eles.
O acesso de loucura, perda ou alteração profunda de consciência e por fim o crime, nesta seqüência é o comportamento típico das pessoas ou grupos cooptados. A ausência de lembrança posterior, ou perplexidade com o próprio ato, não são apenas artifícios da defesa para diminuir a culpa dos seus clientes- é uma coisa real. Na verdade eles agiram como médiuns semiconscientes diante de uma coerção irresistível. Irresistível?
Sim, mas só por que essas pessoas são na verdade robôs humanos. São seres que como outros milhões nunca se preocuparam em realmente Ser. Assim acabam crescendo com um "oco" existencial, uma ausência, sendo dirigidos por programas culturais pré-fabricados.
Jung disse que o caminho humano do ser humano é buscar a sua individuação, isto significa existir independente dos modelos culturais que cada sociedade busca enxertar nele, só assim a verdadeira liberdade é possível. Hoje vemos as pessoas agirem como personagem dos filmes e novelas, dizer frases dos livros e revistas, sonhar com realidades ficcionais, copiar heróis e vilões por falta de uma existência própria. Isso significa que estamos vazios de nós mesmos, e como diz a sabedoria popular: "cabeça vazia é oficina do diabo".
Infelizmente essa frase é usada pelos inimigos da consciência em seu sentido contrário, ou seja, que devemos nos empanturrar de enlatados culturais, encher a nossa cabeça com as frases feitas dos personagens da TV e do cinema, e assim abdicar de construir a nossa própria novela da vida real. A "nuvem" de malignidade é filha de um longo processo evolutivo, que nasceu com a primeira facada nas costas, talvez dada por Caim. A partir daí ela cresceu e ficou fortinha. E devido às circunstâncias obscuras, de tempos em tempos, ela se manifesta mais explicitamente como agora. O que fazer diante de tão monumental ameaça? Temos, nós pessoas do bem, todos os dias reafirmar, diante das armadilhas e encruzilhadas, o nosso firme propósito de estar ao lado da luz.
Todos os dias ao acordarmos devemos nos perguntar: "Qual é o nosso negócio? A qual senhor servimos? "Estou agindo e pensando de acordo com as minhas diretrizes?" A luta pela paz e a derrota ou pelo menos o enfraquecimento da força maligna depende de nós que estamos atentos para essa realidade. Mas não depende só das nossas orações (que são de suma importância) mas depende de nossos atos no dia-a-dia, da nossa recusa veemente em ceder a tentação do mal, da perversidade e do cinismo e do deboche, típicos da influência da força do mal.
Aos mais intelectualizados que vão sorrir e dizer que o maniqueísmo está ultrapassado, eu digo: a sua racionalidade e indiferença, vai nos custar muito caro. Aos que comungam comigo dessa visão brevemente exposta aqui conclamo a fazer uma "Guerra do Bem", pois se quisermos a paz temos de nos preparar para a Guerra…do Bem.