Todos os dias temos contato com milhões de microrganismos. Há cerca de 200 espécies de vírus respiratórios: vírus da gripe (influenza), rinovírus, coronavírus, adenovírus, vírus parainfluenza, vírus sincicial respiratório e outros. Muitos desses vírus podem causar doenças graves e até mesmo a morte em certas pessoas. Em outras, as infecções são leves ou assintomáticas. Se o vírus é o mesmo, então por que o resultado é desigual? Terrenos biológicos diferentes.
Terreno biológico
‘Terreno’ é o perfil biológico de um indivíduo e refere-se ao corpo e ao sistema imunológico, representando a nossa resistência ou suscetibilidade a doenças. Duas pessoas podem ser expostas ao mesmo vírus e à mesma carga viral: uma adoece e a outra não. É por isso que o Covid-19 atinge certos grupos de seres humanos com mais força, com risco muito maior de complicações graves e morte.
Grupos de risco
Neles estão incluídos idosos, obesos, pessoas com comorbidades como diabetes, doenças cardiovasculares, pressão alta, câncer, doenças imunológicas, respiratórias, renais e autoimunes, os que tomam certos medicamentos, os malnutridos consumindo alimentos deficientes em vitaminas e minerais, e grupos minoritários com polimorfismos genéticos.
Condições adversas
Este fato não é exclusivo do novo coronavírus, o mesmo ocorre com qualquer outro germe. Ao longo da história, as doenças infecciosas apresentam níveis de mortalidade mais elevados em áreas com saneamento precário e água contaminada, em idosos, obesos, doentes e desnutridos. Essas condições enfraquecem o terreno biológico. Há mudanças fisiológicas e bioquímicas na função saudável de órgãos e células para um estado de estresse oxidativo, inflamação e redução da resistência imunológica, proporcionando assim o terreno propício para a replicação viral.
Capacidade imunológica ignorada
Muito se fala de distanciamento social, uso de máscaras, higiene das mãos, medicamentos e vacinas, e nenhuma importância é dada à nossa capacidade imunológica de reagir a um ataque viral. Há uma verdadeira batalha contra hidroxicloroquina e ivermectina, remédios antigos com alto grau de segurança, em favor de novidades como o Remdesivir, que tem fracassado nos ensaios clínicos, apresentando resultados pífios. Medicamentos baratos e alternativas naturais, como fitoterápicos e vitaminas, não rendem à indústria farmacêutica o grande lucro que as novidades prometem.
Ciência nutricional e imunocompetência
A ciência nutricional está completamente ausente da conversa sobre possíveis soluções para combater o SARS-CoV-2, o que é lamentável. No entanto, há muitas pesquisas mostrando a diferença que diversos ativos fazem na imunocompetência, dando armas ao organismo para lutar contra os invasores. Alguns exemplos: vitamina D, zinco, quercetina, própolis, vitamina C, vitamina A, probióticos, melatonina, lactoferrina, curcumina, ashwagandha, glutationa, N-acetilcisteína, canabidiol. Uma alimentação balanceada, rica em nutrientes e fibras vegetais, fortalece o sistema imunológico e reduz a inflamação do corpo.
Opções de tratamento
Dentre os medicamentos sendo testados para tratar a Covid-19 estão antimaláricos, antiparasitários, antivirais, antibióticos, corticoides, anticoagulantes, plasma de convalescentes, e também vitaminas, minerais, extratos fitoterápicos ricos em polifenóis. Ainda não temos a resposta definitiva. Vacinas estão sendo desenvolvidas, mas pode levar muito tempo até se obter um produto eficaz e seguro. Cuidar da imunidade inata e adaptativa parece um caminho sensato. Boa alimentação e hidratação são essenciais.
Referências
*Clinical Microbiology & Infection 2020. Characteristics and predictors of death among 4,035 hospitalized patients with COVID-19 in Spain.
*Nutrients 2020. Optimal Nutritional Status for a Well-Functioning Immune System Is an Important Factor to Protect against Viral Infections.
*Internatonal Journal of Molecular Science 2020. Functional Role of Dietary Intervention to Improve the Outcome of COVID-19.
*Nutrients 2020. COVID-19: The Inflammation Link & the Role of Nutrition in Potential Mitigation.