por Arlete Gavranic
Há sete décadas, homens e mulheres não conversavam sobre desejo e prazer sexual em público ou na intimidade.
A pílula anticoncepcional na década de 60 abriu um novo horizonte à mulher, que pôde experimentar o sexo sem colocar em risco a ‘moral familiar’ com uma gravidez fora de hora. Com esse controle sobre sua fertilidade, ela adentrou as universidades e ocupou espaço no mercado de trabalho.
Nos anos 60 e 70 o movimento feminista defendeu o amor livre, a busca de prazer e a sexualidade. Isso tudo passou a ser uma bandeira.
Ditadura do prazer
É muito triste perceber que esse ideal cultural tornou-se uma grande ditadura de prazer e de obrigações sexuais. O que antes era proibido ou mal visto foi re-significado e passou a ser, ao invés de uma vivência de sexo livre por escolha, uma obrigação.
É uma loucura pensar numa mudança comportamental e psicossexual tão radical em menos de 50 anos. O número de pessoas que hoje sofrem por não se sentirem fazendo parte das estatísticas divulgadas por institutos de pesquisa sobre sexo é muito grande.
Conflitos em relação à ejaculação precoce, dificuldade de ereção nos homens e diminuição de desejo e dificuldade de obtenção de orgasmo nas mulheres, já contabilizam entre 40 a 50% das dificuldades sexuais para casais homo e heterossexuais.
Mas o restante desses casais também acaba muitas vezes apresentando queixas que se referem à sensação de inadequação aos padrões divulgados nas pesquisas.
Essas pesquisas podem gerar cobranças e conflitos. Muitos não se sentem ‘enquadrados’, principalmente nos aspectos freqüência e satisfação sexual. Afinal, algumas pesquisas afirmam os brasileiros têm em média três relações sexuais por semana.
Se há desinteresse sexual, se o casal possui um ritmo de vida muito estressante e o clima de descontração e relaxamento acontece só nos finais de semana, não há problema nenhum nisso. O que não pode é ficar sofrendo por não estar inserido nas estatísticas, que não são necessariamente fiéis.
As pesquisas costumam ser sérias sim, mas muitas pessoas, mesmo no anonimato, têm o desejo de serem valorizadas por sua performance, é um querer ser.
Aprenda a investir na qualidade da relação, saia da rotina, tire o máximo de prazer e de intimidade.
Vale repensar:
– Vocês reservam um tempo para trocarem idéias sobre como estão vivendo?
– Vocês têm sonhos e projetos juntos?
– Você sabe das dificuldades que o outro enfrenta no trabalho?
– Seu parceiro sabe de seus conflitos?
Tempo, namoro e sexo
– Não vale a desculpa de não ter tempo, desligue a televisão, mude o perfume, o local de transar, tente uma nova posição sexual, saia para namorar, uma vez por semana. Isso é muito importante para que não se crie um labirinto de desconhecimento e desinteresse.
– Mande um cartão ou torpedo afetuoso
Pare de sofrer pelo que dizem que os outros fazem, olhe para você, para seu relacionamento e invista nesse afeto e desejo. Boa sorte e muito prazer!