por Anette Lewin
Depoimento de uma leitora:
“Bom, tenho 22 anos, já namorei várias vezes e meus namoros nunca duraram três meses, sempre enjoava. Fui ‘pega de surpresa’, da noite para o dia, de repente e sem esperar, enojei do meu namorado, mas agora foi após um ano de namoro. Por que isso aconteceu? É normal acontecer? Confesso que perdi a esperança de ter um relacionamento.”
Resposta: Embora você diga que "foi pega de surpresa" e enjoou do seu namorado, temos que levar em conta que não é a primeira vez que isso acontece. Segundo seu próprio relato, você já enjoou de vários namorados. A diferença é que esse último namoro durou um pouco mais. Assim, podemos dizer que sua tendência é, literalmente, viver amores que "são eternos enquanto duram". Explicando: você tende a se envolver de forma intensa com seus namorados, provavelmente eles passam a ser o centro de sua vida por um tempo, mas depois, quando eles não são mais novidade e se tornam previsíveis, você os rejeita.
Por que isso acontece? Talvez porque na sua cabeça namorar signifique sentir-se apaixonada. E sabemos que a paixão dura algum tempo e depois, ou acaba, ou dá lugar a um sentimento menos intenso, mas mais profundo conhecido como amor.
Transição da paixão para o amor
Parece que para você transitar da paixão para o amor é difícil. Você entende a diminuição da intensidade do sentimento como um enjoo, e rompe a relação. Na verdade, o término da paixão, como dissemos acima, não significa necessariamente o fim do relacionamento. Ele pode dar lugar a outro tipo de sentimento que também pode ser agradável e até mais confortável do que a paixão. Mas nem todo mundo quer trocar algo intenso por algo mais morno. Algumas pessoas gostam de viver no meio do fogo. Talvez você seja uma delas.
Você ainda é muito jovem e, na sua idade, é bastante comum as pessoas quererem apenas se sentir apaixonadas. Ainda não é tempo de pensar em relacionamentos mais profundos, família, casamento etc. Certamente, algumas de suas amigas já namoram firme, mas isso não quer dizer que elas são mais "normais" do que você. Apenas têm um estilo diferente do seu e, talvez, para elas, namorar firme seja uma opção mais segura. Assim, evite julgamentos depreciativos a seu respeito e tente aceitar-se do jeito que é. Afinal, sua vida amorosa tem que ser algo que faça sentido para você, não para os outros. E neste momento parece que você está a fim de vivenciar as paixões enquanto elas durarem.
Lembre-se, porém, de avaliar como você vê sua vida amorosa no futuro. Você pretende formar uma família? Ter filhos? Casar-se de forma tradicional? Sim, é importante ter em mente que sua cabeça, quando tiver 30 anos, provavelmente estará diferente de sua cabeça aos 22. Assim, o único cuidado que você deve tomar em seus namoros é evitar fazer da paixão amorosa a única motivação de sua vida. É possível você se "apaixonar" por um trabalho, por um curso, por um filme. Tente diversificar seus focos de paixão para não se tornar "viciada" e dependente de relacionamentos amorosos intensos.
Por outro lado, tente conhecer-se melhor e entender o que existe de apaixonante em você mesma. Afinal, a paixão não passa de uma projeção de nós mesmos em outra pessoa. Muitas características que vemos nos outros não passam de nossos próprios reflexos. Aquela pessoa maravilhosa sem a qual imaginamos ser impossível sobreviver, só é real na nossa imaginação. Assim, o autoconhecimento poderá facilitar a escolha de seus pares amorosos de uma forma mais consciente e levar você a criar vínculos mais estáveis quando chegar a hora. E não ser "pega de surpresa" por seus próprios sentimentos na construção de suas relações amorosas.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.