por Roberto Shinyashiki
Quando a vida de alguém não vai bem, sua tendência é isolar-se para evitar o sofrimento. Quando o chefe não consegue fazer a equipe envolver-se com o projeto, sua tendência será se sobrecarregar, levar um monte de tarefas para casa, continuar trabalhando até uma hora da manhã e acordar às quatro para terminar o que faltou. A princípio os resultados melhoram, mas aos poucos, seu rendimento começa a cair em razão do cansaço.
Quando o pai percebe que o diálogo com o filho não está funcionando, sua tendência é se distanciar dele, abatido pelo desânimo. Logo após essa decisão, pode sentir alívio por não ver que o garoto não estuda ou usa drogas. Mas até quando será capaz de sustentar essa situação? O amor pelo filho vai matá-lo de saudade e depois de culpa por saber que não está ajudando um ser tão amado. O pior é que, passados seis ou sete meses, o problema se agravará.
Muitos sofrem com seu relacionamento amoroso. Depois de algumas decepções, tendem a se isolar e a adotar uma postura cética em relação ao amor. Preferem ficar em casa no sábado à noite, assistindo a um filme. Passam todos os fins de semana sozinhos. Nunca aceitam o convite de um colega para sair. No início, sentem-se aliviados, pois acham melhor evitar problemas do que sair em busca do amor. Mas, depois de algum tempo, a solidão começa a apertar o coração.
Desistir de amar e ficar só é uma viagem que dificilmente dá certo. Anos mais tarde, a pessoa reconhece que a solidão está criando um indivíduo amargurado, ressentido, que só sabe criticar os outros e ver defeitos em todo mundo. Alguém cuja alma se encolhe por não receber carinho.
Não há saída: é preciso ir contra a tentação de buscar a solidão como forma de resolver as dificuldades de lidar com o outro. A energia do amor é que nos leva à evolução. Sem amor, o ser humano murcha e seca como uma flor esquecida dentro da gaveta.