Por que manter o bom humor

Bom humor é questão de perspectiva… E com ele nossos horizontes permanecem abertos

Parafraseando Vinícius, para meus interesses aqui, “que me perdoem os sérios, mas bom humor é fundamental”. E não é preciso poesia, nem prosa, apenas perspectiva, leveza e riso.

O humor saudável não julga nem faz troça ácida, ele é o que resta diante de nossas próprias vulnerabilidades, destacando o cômico do trágico, o palatável daquilo que é difícil digerir. É resistência onde a repressão insiste em existir.

Tenho amigos cujo mau-humor contraria a natureza dessa manifestação. Uma dose de rabugice que nos faz rir à beça, por expor, sem limites e sem medo, fraquezas e estado de espírito singular, contendo sempre uma dose de autogozação. Eles estão lendo isto agora, pês da vida por não terem sido claramente citados ou por vestirem a carapuça dos mau-humorados. Mas não sem fazer uma piada desta situação. (E sim, este texto acontece em sua homenagem – eles sabem, um deles me ensinou muito sobre o tema.)

Continua após publicidade

Por que manter o bom humor

Estas linhas ocorrem, também, para refletir a importância do humor, no contexto em que vivemos, em que a vida é, a todo tempo, enquadrada como uma grande corporação. Pena que desse cenário não se aproveite plenamente o pragmatismo das decisões empresariais, que poderia emprestar simplicidade à existência. O que mais acontece é esse “empreendimento” limitar condutas, impor seriedade bruta, cercear o humor e a irreverência que ameniza nossos gaps e infelicidades.

Levando a vida cotidiana para o universo organizacional, o bom humor é capaz de clarificar a real dimensão de um problema complexo, assim como um ponto de vista bem-humorado é capaz de apontar soluções simples para esse difícil obstáculo. Vale lembrar que em uma organização o que mais se preconiza é a gestão de crises sem sustos, os brainstorms produtivos da gestão e a coesão da equipe, que não ocorreriam sem essa dose de bom humor.

Falando em relacionamentos, é ele quem ameniza divergências, distâncias – e o mau-humor, à moda dos meus queridos amigos de rabugice engraçada, também. Seja entre colegas de baia ou cônjuges.

Rir faz bem

Motivos médicos também não faltam, segundo uma grande amiga especialista me ensinou, para cultivar o  bom humor. Fazer piada é exercício de memória e criatividade. Rir mobiliza o sistema imunológico para o bem mais do que chorar ou enraivecer-se. E no aspecto psicológico, a atitude bem-humorada nos coloca um passo a frente em nossos dilemas. Quando conseguimos rir e fazer piada é porque inconscientemente já entendemos para qual lado não podemos pender ou o que seria mais fácil nessa escolha, sendo algum desses aspectos o objeto do riso.

O bom humor é tão paradoxal, que só é possível levá-lo a sério sem ser sério. Mas também é possível discorrer cinco parágrafos sobre ele sem fazer nenhuma graça. E ainda assim finalizar sua escrita ou leitura sorrindo, pelo simples fato de que os horizontes, com bom humor, permanecem abertos, dentro ou fora desta breve reflexão.

Jussara Goyano é jornalista, empreendedora e coach certificada pelo Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento. Seu currículo inclui formações e atualizações ministradas por instituições como Unifesp, FGV e Instituto Brasileiro de Coaching. Possui mais de 10 anos de vivência executiva e experiência em gestão de pessoas e equipes. Promove sessões de Coaching, mentoria e palestras pela Jussara Goyano Bem-estar & Performance. Dirige a Ponto A – Comunicação & Conteúdo e a Ponto A Editora. Site: www.jgbemestareperformance.com