por Arlete Gavranic
Só de ouvir a palavra ‘amante’ ou de pensar na ‘outra’ muitas têm arrepio. Muitas vezes porque a ‘outra’ foi a causadora da separação.
A sociedade ocidental foi construída sobre os princípios do patriarcado e da monogamia. Ainda hoje a fidelidade continua sendo um desejo da maioria das pessoas.
Mas casamento não torna as pessoas fiéis, ainda mais num mundo repleto de facilidades para novos contatos. Segundo o escritor especializado em sexo e infidelidade Carol Botwin, a infidelidade atinge mais as mulheres do que os homens.
Ser a 'outra' pode ter um alto custo emocional
Em geral, o homem considera esse romance extra conjugal como um acréscimo ao casamento, uma forma de resgatar a auto-estima, de sentir-se desejado, seduzindo e conquistando. As mulheres que se envolvem com eles, podem estar à espera da possibilidade de conquistar um amante-companheiro ou até um futuro marido.
Não pretendo me aprofundar no estudo sobre a infidelidade. O objetivo aqui é responder a seguinte questão:
Por que muitas mulheres sempre estão no papel da outra?
Não estou falando de uma situação eventual ou acidental, mas sim daquelas que estão sempre no papel da ‘outra’. Vou enumerar aqui as razões:
– Porque desenvolveu desde a infância uma sensação de não merecimento, em relação a ter uma pessoa só para ela. Esse não merecimento leva através de uma forma inconsciente de autopunição, se deixar ser descoberta, pagando pelo seu ‘crime’, através da humilhação e do menosprezo de ser a outra.
– As 'oficiais' podem ‘ser’ melhores e ter um homem só para elas e para a 'outra' só restam as ‘aventuras’.
– Resultado de uma construção frágil de auto- estima.
– Muitas viveram relações familiares sofridas, envolvendo maus tratos físicos e emocionais. Para não revirem isso, optaram por aventuras, sexo e prazer evitando a intimidade.
– O papel de ser a outra possibilita mais liberdade na sua vida pessoal e profissional; além de evitar relações familiares do parceiro, como a relação com a sogra.
Embora muitas se defendam dizendo que esperam desfrutar só dos momentos bons e de prazer, a maioria reclama de passar feriados e férias sozinhas e entristecidas por não ter o companheiro por inteiro.
– Testar seu poder de conquista e inclusive conviver com a esposa, provando sua ‘esperteza’, mas o fato de não estar no lugar de destaque pode gerar conflitos.
– Mulheres manipuladoras e masoquistas sofrem por não estar no lugar da outra, mas usufruem do grande poder sádico, ao ver a ‘oficial’ sendo traída.
– Um misto de neurose e inveja em querer ter o poder da vitória sobre aquela que demonstra ter o que ela não tem ou não acredita que possa ter: amar e ser amada. Isso precisa ser tratado.
Há casos em que o homem se apaixona por essa mulher que ‘lutou’ por ele, mas depois que consegue o papel principal, acaba desistindo, pois aí não terá mais com quem competir. Em outros casos, poderá haver uma obsessão pelo controle da fidelidade do outro, com medo de passar a ser traída.
– O prazer sexual: muitas se estimulam com situações de risco e se excitam com isso, mas com o passar do tempo, essa incerteza e insegurança podem ocasionar dificuldades de orgasmo.
Mulheres que sempre repetem esse script, reflitam sobre o que leram. E se acharem que não conseguem lidar com isso sozinhas, procurem uma psicoterapia.