por Nuno Cobra
Existe uma relação muito concreta entre o movimento sistemático e agradável com uma vida melhor e mais longa.
Sempre falei sobre a importância das pessoas estarem em permanente atividade física e mental, porque existe uma relação direta dessas atividades com a plenitude da vida.
Durante décadas fui considerado uma ‘peça estranha’ por pregar esta filosofia. Afirmar que as pessoas nunca deveriam parar com suas atividades profissionais soava esquisito. A idéia que se tinha, era que a máquina humana era igual às demais máquinas, que se desgastavam com o uso e se conservavam com o desuso.
Mas a divina máquina humana possui uma regra completamente oposta, uma vez que ela se desenvolve com seu uso contínuo e competente e se atrofia justamente com o desuso.
Critica-se muito o trabalho como algo desgastante, mas é evidente que não é ele, mas sim o pensamento que promove esse desgaste incontrolável que temos antes e depois dele. Sabemos que para produzirmos bem não podemos pensar. Temos que estar concentrados ao máximo.
Quando estamos envolvidos nessa magia de produtividade, o nosso organismo exala alegria, porque fisiologicamente estamos profundamente detidos naquela ação de construir, de desenvolver e realizar algo. Todos os nossos órgãos estão no mais perfeito equilíbrio e harmonia. Os giros mentais sempre tão elevados, devidos a preocupação, estão mais baixos e profundos para que se concentre e se produza melhor.
O trabalho faz bem para todas as pessoas e, para aquelas que gostam do que fazem, os benefícios para a saúde são extraordinariamente mais acentuados. Mesmo aquelas que não tiveram a sorte de acertar muito bem em suas profissões, são beneficiadas por levar a vida dentro de uma normalidade e proficiência orgânica. Por isso sempre digo: nada é pior do que o nada.
As pessoas têm necessidade natural de produzir, desenvolver e criar; têm necessidade do ritmo, de viver os horários que o trabalho exige. Por tudo isso, para o bem da sua saúde e pela necessidade da obrigação, nunca deveriam parar. Nós precisamos do trabalho exatamente como do ar que respiramos. É ele que dá o sentido à própria dignidade do homem.
Aposentar com cinqüenta e poucos anos é terrível para a saúde e as estatísticas mostram de forma irrefutável que os homens morrem de seis a oito anos depois que se aposentam e as mulheres de 9 a 10. Matéria publicada recentemente na revista Veja, divulgou pesquisa da revista científica inglesa British Medical Journal informando: quem pára de trabalhar aos 55 anos tem risco 89% maior de morrer nos dez primeiros de aposentadoria do que quem se aposenta aos 65.
É obvio que depois dos 70, o ritmo deverá ser menos exigente – intenso – em termos de horário e responsabilidade, mas nunca se retire da vida.
Os grandes homens que conheci nunca pararam de trabalhar. Um maravilhoso exemplo é Oscar Niemeyer que fez 100 anos mês passado.
Tomemos nossa cabeça com trabalho e iremos certamente elevar os nossos níveis de saúde e bem-estar.