por Alex Botsaris
Houve um tempo, onde criança gordinha, era sinônimo de criança saudável. Num país onde a desnutrição infantil foi um problema de saúde pública por tantos anos, mães gostavam de exibir seus bebês rechonchudos. Mas esse conceito está mudando radicalmente. As estatísticas em vários países, incluindo o Brasil, são alarmantes. Cada vez cresce mais a incidência de obesidade infantil no mundo.
No Brasil, 5% das crianças sofrem com a obesidade, segundo estudo publicado, em 2003, pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Estes dados indicam que a obesidade triplicou no país nos últimos 20 anos, o que configura um grave problema de saúde pública. Além disso, outros 15% das crianças brasileiras apresentam sobrepeso – estágio imediatamente anterior à obesidade.
No mundo, de acordo com a Força-tarefa Internacional sobre Obesidade, em relatório elaborado para a Organização Mundial da Saúde, os números indicam que uma em cada dez crianças é obesa, proporção que representa 155 milhões de pequenos com sobrepeso.
Os resultados para o futuro são preocupantes. A obesidade infantil, por si, pode aumentar o risco de aterosclerose e doença cardíaca na idade adulta. E pior, mais da metade das crianças obesas, tem chance de chegar como obesos ao atingir a idade adulta, e com maior risco de desenvolver uma lista interminável de doenças: diabetes, hipertensão, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (derrames), dor lombar, litíase (pedras) na vesícula biliar e alguns tipos de câncer. Atualmente, já existem crianças obesas com colesterol e triglicérides altos e hipertensas. Algumas, aos 7 anos, já são portadoras de diabetes do tipo II que, até há pouco tempo, só se manifestava em adultos com mais de 40 anos.
As causas dessa epidemia são variadas e estão associadas a fatores orgânicos, genéticos, culturais, sociais, econômicos e psicológicos. Os principais são o excesso de ingestão de alimentos calóricos, o famoso sedentarismo (ausência de atividade física, que pode ser traduzida nas horas em demasia, transcorridas diante do computador, videogame e televisão), baixa condição socio-econômica e educacional e a herança genética.
No ambiente familiar, o exemplo dos pais e o relacionamento com os filhos são preponderantes na ocorrência do sobrepeso. A oferta de alimentos muito calóricos, por exemplo, é sinal de uma atitude equivocada das próprias mães diante dos filhos pequenos. Pais precisam dar um bom exemplo em casa mantendo sua própria alimentação saudável. Por exemplo, a incidência de obesidade infantil em famílias onde a alimentação dos pais é excessivamente calórica é maior, que naquelas onde há uma preocupação em oferecer alimentos saudáveis.
A genética pode ser um forte determinante para a obesidade infantil. Se um dos pais é obeso, o risco de a criança também é maior; se ambos os pais são obesos, esse risco dobra. Avalia-se que cerca de 50% das crianças obesas tenham algum fator genético influenciando.
Mas nem tudo está perdido. Como crianças têm um metabolismo maior que adultos, e estão na fase de crescimento, onde há uma maior necessidade calórica diária proporcional (considerando a massa corporal), é muito mais fácil controlar o excesso de peso e voltar à normalidade. Basta acostumar a criança a ter uma dieta saudável, e a fazer atividades físicas diárias, que o problema se resolve ao final de um ano ou dois (dependendo do grau de sobrepeso). É fundamental que os pais fiquem alerta para esse problema, e levem logo seus filhos ao médico em caso de excesso de peso, para que o mal seja cortado na raiz.
Atenção! Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento