Somos um País de muito feriados. Mas são poucos os que se referem a rituais culturais antigos.
Todos os anos, quando se comemora o Halloween aqui no Brasil, como ocorreu no mês passado, muitas pessoas condenam tal celebração, argumentando que é um excesso de aculturação, que é uma festa originada nos Estados Unidos, que estamos nos submetendo à influência estrangeira e que tal festa nada tem a ver com nossas tradições. Isso é um preconceito.
Atualmente, a comemoração do Halloween é praticada entre nós, principalmente entre as crianças e adolescentes. Esses se fantasiam de bruxos, demônios, caveiras, vampiros, enfim de qualquer monstro e, assim vestidos e pintados, vão às escolas e a festas temáticas. Encantam-se com as abóboras esculpidas e iluminadas com velas. Assustam-se com as histórias de assombrações e querem ouvi-las repetidas vezes.
O Halloween, chamado em português o Dia das Bruxas é uma festa observada em vários países no dia 31 de Outubro, véspera do Dia de Todos os Santos. De fato, a festa de Todos os Santos é uma festa de três dias (31/10; 01/11e 02/11), que começa com uma celebração vespertina ou vigília e nos outros dois dias, o tempo é dedicado a lembrar os mortos, incluindo os santos, mártires e fiéis falecidos. All Hallows Eve (Vigilia de Todos os Santos) foi o primeiro nome em inglês dado a essa festa, passando por outras formas até chegar à palavra atual Halloween.
Origem
A origem da festa de Halloween, remonta à cultura dos Celtas. O festival de Samhain (fim do verão no hemisfério norte) era a festa da realização da colheita, celebrada entre 31 de outubro e 2 de novembro e era também uma festa dedicada ao culto aos mortos. As festas eram presididas pelos sacerdotes druidas. Acreditava-se que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar suas casas e para guiar os seus familiares.
Além do culto aos mortos, os celtas acreditam que outros seres sobrenaturais, incluindo espíritos malignos vagariam pela terra, afinal, os limites entre o mundo real e o sobrenatural eram suspensos. As pessoas, então, iluminavam os caminhos com lanternas e fogueiras para afastar os espíritos malignos. As pessoas usavam máscaras e disfarces para evitar serem reconhecidas pelos maus espíritos. Outro modo de afastar esses espíritos era esculpir faces assustadoras em nabos.
Nascida nas Ilhas Britânicas, em parte da Península Ibérica e da Europa Central, ainda na Idade Média, a festa de Halloween se espalhou pela Europa, Américas e Ásia, onde no Japão, jovens fantasiados se reúnem a noite para a comemoração. Levada para os Estados Unidos no século XIX, as abóboras passaram a ser utilizadas para esculpir os rostos macabros.
No México, o dia dos Mortos é celebrado em 2 de novembro, sendo uma celebração de origem indígena, que honra os falecidos. Coincide com as tradições do Hallowen e com as tradições católicas do dia dos Fiéis Defuntos e do Dia de Todos os Santos. A comemoração nacional celebra a visita das almas à Terra, com muita alegria, com uma variedade de caveiras coloridas.
Saci
Entre nós, desde 2005, o Saci, figura do folclore brasileiro, tem seu dia comemorado também no 31 de Outubro. A data foi criada com o objetivo de resgatar figuras importantes do folclore do nosso País. Mas, a data escolhida teve o propósito de substituir a comemoração do Halloween, do Dia das Bruxas por esta não ser uma festa brasileira, ainda que seja comemorada em inúmeros países. É uma crítica à tendência à aculturação do nosso povo e/ou um preconceito?
Samhain, o mito celta, origem do Halloween pertence ao inconsciente coletivo dos povos, tal sua disseminação. Por que não comemorar o Dia das Bruxas e dos seres a ela associados? Por que não honrar e celebrar os mortos?
Para as crianças o familiarizar-se com seres imaginários e assustadores ajuda a controlar os medos e isso é muito importante do ponto de vista do desenvolvimento psicológico. Assim, que se vistam de bruxas, de fantasmas, de vampiros, de esqueletos! Que se fantasiem também de cucas, de papa-figos, de lobisomens, de capelobos, de camacangas, de mapinguaris, de pisadeiras etc.
Sem preconceito…