Por Nicole Witek
Temos um sistema nervoso muito complexo, elaborado desde as origens da vida, nas profundidades do nosso crânio. E são nessas profundidades do nosso cérebro que existe uma glândula minúscula: o hipotálamo, que imaginem, não tem nem um grama.
Estamos descobrindo seu papel aos poucos, graças às novas ferramentas de investigação e aparelhos sofisticados que mostram imagens do funcionamento do cérebro em tempo real. Essas descobertas mais recentes levaram à conclusão surpreendente de que 'tem um cérebro dentro do cérebro'. Fantástico! Só que ao mesmo tempo, essas descobertas levantam mais questionamentos que respostas. Veja bem…
Os olhos são diretamente ligados por vias nervosas autônomas a nosso cérebro primitivo e é esse cérebro que apareceu quando nós éramos ainda animais, nesse tempo em que os instintos e as emoções eram os únicos motores da ação.
Mais tarde, na evolução do ser humano, o neocórtex, o cérebro novo da inteligência e da razão surgiu. Este raciocina, controla justamente os transbordos emocionais, poda, justifica, pensa, elabora… Enfim: esse é o que mais prestigiamos.
Os olhos têm muito mais importância do que pensamos. Não quero dizer que ‘ver’, ‘enxergar’ não é importante e sim ressaltar que além desse papel da visão, eles têm muitas outras funções.
Os olhos adormecidos percebem, graças à luz que passa através das pálpebras fechadas, o amanhecer. A partir dessa informação, o corpo todo se prepara para começar o dia, e envia, na corrente sangüínea, mensagens para a atividade diurna (produção de cortisol, por exemplo) e isso 45 minutos antes do despertador nos despertar, o que gera outros questionamentos, sobre o papel do despertador.
Nós não precisamos do despertador porque nosso ser inconsciente é muito mais consciente que nosso ser consciente. O ser inconsciente tem so uma meta: nos fazer felizes. Se meu interesse profundo e acordar as 7 hrs da manhã… tudo bem, ele irá me acordar.
Os olhos – parece que três vezes por noite – vivem um grande filme de ação. Na fase do sono paradoxal, enquanto o corpo esta totalmente relaxado, a mente está super ativa – aqui está o paradoxo – os olhos assistem fascinados ao show que são os sonhos.
Foi descoberto que na fase do sono paradoxal, as emoções são metabolizadas, integradas, digeridas, para que nossas aventuras do dia se tornem simples lembranças armazenadas e experiência acumulada para nos construir. Essa fase também é conhecida como REM (Rapid Eye Movement – trad: movimento rápido dos olhos), os olhos se movimentam com uma certa velocidade. Foi anotado que o ' inconsciente' ou 'irmao maior' está selecionando para nós o que deve ser lembrado e arquivado.
Ainda mais, ele aproveita as experiências, os ensinamentos (?) do dia. Daí a conclusão que animando os olhos com essa velocidade, num certo tipo de estado de relaxamento, e revivendo a emoção traumática, poderiamos fazer com que o inconsciente mande a lembranca para o 'arquivo morto'. Assim a lembrança estaria descarregada da emoção e o evento traumatizante se tornaria um simples fato.
Os olhos permitem a integração das informações nos dois planos: emocional e cognitivo: respectivamente cérebros límbico e cortical. Quando os dois vivem em harmonia, os olhos expressam esse estado que é chamado 'estado de fluxo', ou seja, de que os conflitos estão resolvidos.
Olhos e sorriso
É só nos olhos que se percebe o verdadeiro sorriso. O sorriso falso requer voluntariamente uma musculatura específica que movimenta a face, e os lábios, descobrindo os dentes.
O sorriso verdadeiro mobiliza a musculatura ao redor dos olhos. Essa musculatura é impossível de ser controlada. Esse sorriso acontece por via da emoção e do sistema nervoso autônomo. O comando desse sorriso vem da região primitiva e límbica do cérebro.
O sorriso verdadeiro é a expressão das emoções sinceras. Ele leva a sensação de bem-estar e de fluxo.
As tensões geralmente são geradas por momentos de grande emoção. Já que os olhos são diretamente ligados ao cérebro emocional, você já pensou no que aconteceria se você tivesse a possibilidade de relaxar os olhos?
Já ouço sua pergunta! Como?
Simplíssimo! Com os cotovelos apoiados na mesa, mãos em cúpula sobre os ossos da maçã do rosto e da testa, sem pressionar os olhos, cruzando os dedos em uma mão sobre os dedos da outra para obter uma escuridão maior. Basta, durante alguns minutos, imaginar uma cor: o preto ou o branco. Respirar gostosamente e curtir esses minutos de paz, sabendo que algo está acontecendo: a harmonização das suas emoções com sua mente. A chegada do estado de bem-estar e “fluxo”.
Aqui está o segredo do Budda! O sorriso dele expressa a liberação total das emoções perturbadoras e o estado de fluxo.
Os olhos não mentem. Eles expressam as emoções verdadeiras quando estamos em harmonia entre o que sentimos e pensamos!