por Eduardo Ferreira Santos
"Oi, boa noite, graças a Deus encontrei este site. Gostaria de saber por que nunca sou feliz de verdade; sempre bate um medo e uma angústia. Eu nunca fico feliz da forma que era quando tinha 15 anos: a felicidade era pura. Agora aos 39, com três filhos, sou sempre insegura, medrosa, já acordo com receio de como será o meu dia. Doutor me ajude, como mudar meus pensamentos? Como me sentir feliz? Todos ao meu redor me admiram, me elogiam, acham que sou calma; dizem que pareço superzen, mas só eu sei que às vezes por dentro estou ansiosa, angustiada e muito mal. Necessito ser feliz."
Resposta: Penso que podemos resumir a vida como uma estrada na qual não vemos seu limite e seguimos cegamente em frente, ora enfrentando obstáculos, ora desviando deles, outras vezes pegando atalhos e fazendo opções certas ou erradas nas várias bifurcações que vão aparecendo pelo caminho.
Aos 15 anos, geralmente temos pouca ou nenhuma noção das exigências e responsabilidades que esta jornada irá nos oferecer e ainda vivemos em sonhos e desejos que não contemplam a realidade da vida. À medida que crescemos, ganhamos em liberdade e maturidade, mas aumenta em muito nosso grau de responsabilidade pelo que fizemos até então e pelo que temos ainda a enfrentar por todo o caminho que a vida nos oferece.
Não é fácil! Há mesmo, como se costuma dizer, "um perigo a cada esquina" e aprendemos a perceber a nossa vulnerabilidade perante o acaso e a impermanência da vida, pois nada é absolutamente seguro e certo, a não ser o nosso saber de nossa profunda insegurança. Assim, podemos viver temendo cada novo momento ou, simplesmente, seguirmos com a cautela e a prudência que o caminho escuro a nossa frente exige.
A tão aclamada felicidade permanente é apenas um mito que nos ensinaram nos "contos de fada" e em nada corresponde à realidade da vida adulta.
Não há como ser feliz absolutamente… há apenas a certeza de que, ainda, estamos vivos e seguimos à mercê de um acaso que não podemos ter controle nenhum sobre o futuro. É preciso conscientizar-se dessa impermanência da vida e vivê-la em cada momento como se fosse o último, caso contrário, corremos o risco de deixar de viver para apenas temer a vida!