por Arlete Gavranic e *Marcelo Gandelman
O piercing, tão em moda, é um antigo adorno. Era usado há 5.000 anos. A palavra piercing vem do inglês e significa: perfurante, penetrante.
Através da história, pessoas de ambos os sexos introduziram conchas, ossos, penas e objetos metálicos em seus narizes e orelhas; perfurando e enfeitando com jóias vários locais da face: orelhas, nariz, lábios, sobrancelhas e língua.
Por que o piercing virou adorno sexual?
A adesão ao uso do piercing está associada à ideia de fetiche. Os adornos sensuais são um chamariz à sensualidade do corpo. O uso de piercing nos genitais e cada vez mais frequente. Para muitos é uma forma de intensificar dor e prazer.
Piercing intensifica dor e prazer – São colocados em zonas erógenas como: umbigo, mamilos, pênis, grandes lábios e clitóris. Os piercings colocados em regiões com uma rica inervação, produzem sensibilidade e estímulo constantes, causando as mesmas sensações nas pessoas que observam. O apelo sensual é tanto tátil como visual.
Segundo a urologista Sylvia Marzano, os piercings localizados no pênis podem ser prejudiciais, pois o atrito ocasionado pela penetração, poderá lesá-lo, gerando sangramento e infecção.
Se o piercing estiver transpondo a uretra, será pior, pois no ato da micção, a urina deixa resíduos que poderão formar cristais e cálculos.
Se o homem for soropositivo e houver relação sexual sem proteção, também aumenta a possibilidade de lesões com sangramento, podendo transmitir o vírus à parceria.
Infeções mais comuns
O uso de piercing está associado a várias moléstias infecciosas, sendo a mais grave a da hepatite C (HCV) e a do vírus HIV transmitidos durante a perfuração.
Cuidados
Antes de usar consulte um urologista ou cirurgião plástico para saber os cuidados necessários: onde colocar, qual material usar, os cuidados de higiene e como evitar riscos de sangramento, DSTs ou infecções nas relações sexuais.
Piercing e comportamento
O piercing possui um sentido de auto-afirmação, associada à personalidade do indivíduo. Ele pode representar uma manifestação de repúdio, excentricidade e rebeldia.
O piercing também faz parte de ritos de iniciação entre os adolescentes como fumar e beber.
Assim como as roupas, o piercing é visto como sinal de beleza pelos seus possuidores. Porém, a beleza não é seu propósito primário: eles são emblemas que distinguem status, gênero, idade, podendo até funcionar como um uniforme de uma determinada tribo ou gangue.
Os piercings sinalizam 'força', 'coragem' e 'resistência' de seus portadores, qual caçadores e guerreiros que venceram árduas batalhas e que exibem, agora orgulhosos, suas cicatrizes, um sinal de como enfrentaram seus 'perigosos desafios'.
* Marcelo Gandelman é médico cirurgião plástico