A maioria dos casais se se juntam com os corações cheios de sonhos e expectativas quase sempre irreais. Talvez o casamento seja uma das relações mais carregadas de mitos e conceitos equivocados.
Há muita idealização em torno do que é um casamento e pouca clareza do que é o compromisso de cada casal. Poucos casais se dedicam a saber o que cada um espera dar e receber.
O casamento não cresce sem a intimidade que se dá nas trocas entre os envolvidos. Às vezes, permeadas de dor, irritação e decepção. Entretanto, são essas trocas que concedem o conhecimento das afinidades, incompatibilidades, dos limites e das disposições de cada um fazer sua parte.
Para os envolvidos no casamento, muito tempo para perceber o que já é evidente
Não é à toa que inúmeros casais levam muito tempo para perceberem o que está evidente. Em muitas situações, há acomodação, insatisfações são encobertas e, para se evitar o medo da separação, é negado o enfrentamento das mudanças que já estão ocorrendo no relacionamento. Nem sempre a rotina da vida a dois permite ou deseja perceber o que de fato está acontecendo.
Na minha experiência clínica, com casais, o diálogo, as conversas, os embates corajosos, que abrem possibilidades, são quase sempre escassos, tornando a comunicação empobrecida, sem intimidade, levando à exaustão da convivência e já sinalizando términos – alguns, inesperados ou negados, porém, de alguma forma, já anunciados por uma parte ou outra.
A convivência conjugal é um desafio que requer de ambos maturidade individual para pensar e agir, criando modos de viver cada vez mais realistas, sem a força de mitos e crenças que se criam em torno do que deve ou não deve ser um casamento.