por Arlete Gavranic
Falar de sexualidade e afeto no ambiente de trabalho requer cuidado. Isso por muitos motivos: para quem já mantém outro relacionamento, pode gerar insegurança e ciúme no parceiro, pode gerar receio de comprometer a carreira.
Isso acontece porque poucas empresas têm uma política clara em relação ao envolvimento afetivo-sexual entre seus funcionários. Muitas receiam que ‘liberar’ essa possibilidade possa comprometer a produtividade. Outras deixam o medo da punição rondando no ar como um fantasma. Quem não conhece o ditado: “Onde se ganha o pão não se come a carne”.
O resultado disso tudo é a política do: “Finjmos não saber que acontece tesão e afeto”. No máximo ministram palestras de prevenção de doenças sexuais e gravidez, quase numa forma de dizer…”evitem problemas”.
Essa postura necessita ser repensada pelas instituições, pois os lugares mais prováveis das pessoas paquerarem e namorarem são nos ambientes de trabalho ou de estudo.
É quase impossível acreditar que pessoas que passam maior parte do seu tempo no trabalho dividindo ansiedades e projetos profissionais, não estejam sujeitas ao afeto.
Essas situações aproximam as pessoas por identificação e elas passam a se sentir cúmplices e começam a partilhar assuntos que sobrepõe o profissional. Nesse momento, possivelmente se abre caminho para o afeto. Portanto, um sinal de alerta para quem tem uma relação estável.
Repense a qualidade de sua relação estável, se vocês se escutam, dividem, torcem um pelo outro. É muito bom ser admirado pelo seu parceiro também em relação à vida profissional. Esse apoio afetivo pode minimizar outras buscas de afeto.
Desgaste na vida a dois e mesmo o assédio sexual, que é crime, podem fomentar também a relação afetiva e sexual no trabalho.
Postura no trabalho
Todo interesse por outra pessoa deve ficar restrito a você e à pessoa paquerada, cuidado em dividir isso com colegas. Isso pode gerar aquele clima de torcida, e realmente essa postura ‘é adolescente demais’ para ambientes de trabalho e costuma ser mal vista pelas empresas. Só assumam a relação publicamente, quando ela estiver bem amadurecida e vocês se sentirem preparados para isso: piadas, fofocas, olhares maldosos, sentir-se policiado, tudo pode acontecer.
Seja discreto. Nada de beijos, abraços calientes ou amassos no ambiente profissional e evite expressões mais quentes de seu afeto.
Sempre que dou palestra em empresas sobre esse assunto, percebo nos rostos de alguns aquele riso contido. Muitas são as fantasias sexuais que envolvem o ambiente de trabalho, ‘o quebrar regras’, e muitas são as histórias que ouço como terapeuta nesses 18 anos. Não é só em romances eróticos que as pessoas transam impulsivamente no escritório, no banheiro ou na garagem do edifício.
É importante ressaltar que essa realidade muda um pouco quando se fala de afetos e namoros homossexuais, esses são menos assumidos. Mas discriminação e preconceitos acontecem quando esses relacionamentos vêm à tona.
Gostar de alguém é uma delícia, ser gostado também, mas aprender a administrar um relacionamento em ambiente profissional exige amadurecimento e ética.