Todos conhecemos o refrão de uma canção popular que diz: “Tristeza por favor vá embora, minha alma que chora está vendo o meu fim”. As festas de fim de ano representam alegria, descanso, curtição e família, é um novo começo, novas oportunidades, abandonar, tudo que não é bom. Existe uma certa pressão social para que tudo esteja bem e para que tudo pareça feliz em nossa sociedade, principalmente nesta época.
Entretanto, existe uma parcela da população que relata sentir depressão e tristeza nessa época. Vamos esclarecer esta diferença. É mais provável que o sentimento seja o de tristeza, pois a depressão é um quadro psicopatológico. Sem encontrar sentido nas coisas que o circundam, o deprimido apresenta vários sintomas emocionais e físicos: sentimento de culpa sem razão aparente, falta de vontade de socialização, perda ou ganho de peso, distúrbios do sono, raciocínio lento, melancolia, perda de apetite, dores no corpo e na cabeça são alguns deles.
Tristeza de final de ano: causas
Bem… vamos nos ater à tristeza e esclarecê-la. Primeiramente, o fim de um ciclo, qualquer que seja, pode gerar alegria, mas também tristeza. Os fatores mais relatados como motivos de tristeza são as lembranças daqueles que não estão por perto, seja porque já se foram desta vida, seja porque estão afastados, física ou emocionalmente, ou então as lembranças de momentos felizes que não acontecem mais e o reconhecimento de que as coisas podem não mudar para melhor, ou, ao contrário, podem piorar.
Cazuza eternizou o refrão “Não me convidaram pra essa festa pobre que os homens armaram pra me convencer”. Tão atual nos dias de hoje, que possivelmente uma parcela da população não comemore tão alegremente as festas e venham a demonstrar sinais de ansiedade e depressão. Não é de se estranhar que devemos levar a sério e darmos a devida atenção a essas situações e não acreditarmos no que fala a letra de Chico Buarque “Não existe pecado do lado debaixo do equador” e nós fingimos que está tudo bem.
A tristeza, por outro lado é como diz o refrão inicial, faz a alma chorar, é dolorida, difícil de disfarçar mesmo na companhia dos outros, mas é parte da vida. Só sabe expressar o que é tristeza quem vivenciou o seu antônimo. Talvez, por isso seja importante, em fins de ciclo, ter dias para se lembrar do passado, dos caminhos percorridos, bons ou ruins.
Acontece com muitos
Portanto, chegamos nessas datas cansados, tristes, desanimados, frustrados e precisamos, ter forças para mostrar satisfação e felicidade aos outros. O inevitável encontro com as lembranças tristes, durante o final do ano, pode aumentar a ansiedade e a tensão pelo fato de se ter que lidar com a ausência de alguém querido, a solidão, a erosão na alma de tradições perdidas ou o fato de estar marginalizado, seja pela idade ou outro fator qualquer.
Para que não achem que estou divagando… uma pesquisa publicada no The Telegraph em 2014, e realizada pela Stress Management Society, do Reino Unido, revelou que uma em cada vinte pessoas considera o Natal como uma experiência mais impactante do que ser assaltado. Essa constatação não lhe faz pensar?
Não tem jeito, talvez essa seja uma das possíveis explicações pelas quais perdemos o controle na bebida, na comida ou, talvez, escolhemos, na verdade, não nos controlar, compensando um pouco esses sentimentos negativos como a tristeza.
Por fim, Ana Vilela canta com o frescor de sua juventude “que a vida é trem-bala, parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir”. Assista ao clipe: