por Patricia Gebrim
Tenho lido muita coisa sobre 2012. Confesso que o que li não foi nada animador: previsões de cataclismas terríveis, mudanças no eixo da Terra, rombo na camada de ozônio… até data marcada para o fim dos tempos encontrei!
Como psicóloga que sou, deixo as notícias alarmantes para outras tribos. Na verdade, entendo essa onda de medo que se espalha como um reflexo da falta de compreensão do conteúdo simbólico de nosso momento atual. Quando movidos pelo medo, tendemos a entender tudo de forma concreta, à custa da riqueza simbólica de cada informação. "Ondas gigantescas de mudança" não são necessariamente tsunamis salgados que destruirão o mundo. O "fim do mundo" não precisa necessariamente significar que nosso planeta explodirá ou algo assim. Talvez possamos considerar a possibilidade de que, de fato, muitas transformações acontecerão e que neste mundo nada mais será como antes. Isso já vem acontecendo aos poucos e, se você parar para pensar, poderá constatar a profundidade das mudanças que temos atravessado.
O planeta já está se transformando, quer aceitemos ou não.
Pense, por exemplo, na velocidade como a informação circula hoje em dia. Se antes uma informação levava meses para chegar de um ponto a outro do planeta, hoje sabemos que uma distância de milhares de quilômetros pode ser atravessada no tempo de um clique. Eu posso fotografar minha varanda neste exato momento e alguém na Austrália pode acessá-la agora mesmo. É quase instantâneo!
Informação – pensem – é poder. Um poder que está circulando pelo mundo, gerando desdobramentos de enormes proporções. Hoje a mentira não mais se sustenta. Seja em nossas vidas pessoais (vejam a revolução que as redes sociais estão causando nos relacionamentos entre as pessoas), seja na política nacional ou internacional (informações antes mantidas em segredo saltam como coelhos da cartola a todo momento), na economia (os avanços na tecnologia estão permitindo níveis de controle cada vez maiores)… Em qualquer campo de nossa existência, a verdade recusa-se a permanecer encoberta!
Por mais que se tente evitar, a informação cada vez mais se rebela e escapa das prisões, tudo o que se tentava esconder torna-se visível, a mentira é revelada e nos sentimos cada vez mais expostos. Os véus são retirados e nosso verdadeiro ser vai sendo, cada vez mais, desnudado. Por mais que ainda tentemos esconder, mostrar apenas o que desejamos que seja visto, estamos perdendo o controle. Se por um lado fica uma sensação de crua exposição, por outro lado podemos pensar que caminhamos para uma vida mais real.
Hoje sabemos, cada vez mais, o quão impactante é a fome na África, o quão violentos são os conflitos no Oriente Médio, o quão corruptos são os políticos; sem falar em aspectos menores de nossa vida pessoal que se torna cada vez mais pública, para desespero de muitos que se acostumaram a encontrar vantagens na mentira e na manipulação.
Repito, a mentira não mais se sustentará.
Creio que essa é uma das grandes ondas de mudança deste momento da humanidade. O muro que separa a verdade da mentira está a um passo de ruir por completo, e então saberemos quem está do lado de cá e quem escolheu o lado de lá. Os que covardemente se aninham sobre o muro terão que escolher um lado ou o outro, os novos tempos não mais aceitam covardes.
"Conheço as tuas obras, que nem és frio, nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. "(Apocalipse 3:14:16)
Aqueles que escolherem a transparência, fluirão em harmonia com essa nova forma de viver. É conhecido o ditado "quem não deve não teme". Mas aqueles que optarem por permanecer ocultando a verdade, de si mesmos ou de outros, sofrerão grandes abalos, serão cada vez mais expostos, suas fotos nuas brilharão em painéis gigantescos em praça pública, forçando-os a assumirem sua verdadeira natureza.
A tendência é que seja o fim dos lobos em peles de cordeiros. Lobos continuarão existindo, mas cada vez mais saberemos quem são os lobos e quem são os cordeiros. As máscaras não mais se sutentarão.
Assim, cada um de nós está sendo chamado a revelar, de uma vez por todas, seu verdadeiro Eu.
Onde nos posicionaremos nesse panorama que se descortina? Os novos ares gritam :
– Chega de hipocrisia, chega de mentiras, assuma sua verdadeira natureza, seja ela qual for.
Os novos tempos nos proporcionam uma incrível oportunidade de resgatar de dentro de nós a parte luminosa de nosso ser, aquela parte da qual podemos nos orgulhar, que nos faz sentir grandes por dentro, que nos conecta com o que existe de melhor em nós mesmos e na humanidade. Os novos tempos nos dão a chance de escolher, sabendo que não existem mais votos secretos.
É momento de darmos o nosso melhor, de darmos um salto em nossa consciência. Não podemos continuar adormecidos, anestesiados, hipnotizados pela superficialidade do mundo, agindo como crianças que se fingem de adultos, venerando ícones vazios que em breve se desfarão como castelos de areia. Precisamos abandonar a zona de conforto dessa anestesia feita de superficialidade que nos emburrece a alma e passar a agir como seres conscientes que buscam e priorizam a VIDA. A meu ver esse é o único caminho para a felicidade e para a paz nesse novo panorama planetário.
Claro, podemos escolher continuar adormecidos, perdidos nesse limbo feito de mentiras, seguindo, como os bois seguem a boiada, os refrões da música que adormece a humanidade, anestesiando nossos neurônios em frente a programas idiotas de televisão, amortecendo nossa consciência através de um consumismo desenfreado ou outros vícios que nos fazem esquecer do quão sagrado é cada momento de nossas vidas.
Podemos sim escolher tudo isso, afinal cada um de nós, dotado de livre-arbítrio, é o autor de sua própria vida. No entanto, cada vez mais, teremos que assumir, de peito aberto, as consequências de nossas escolhas.
Coletivamente é tempo de crescer, é o que sinto.
Já fomos crianças por tempo demais!