por Joel Rennó Jr.
A emancipação feminina realizada de forma correta procura dar voz a todas as mulheres. A força, a dor, a sabedoria, o mistério e a excitação associados a mais feminina parte do corpo das mulheres podem ser simbolizados pelo órgão genital feminino, a vagina, que ultrapassa os limites da anatomia humana e permite às mulheres reencontrarem as suas identidades e seus corpos. O resgate da identidade feminina é o principal objetivo da emancipação feminina.
A sexualidade é um dos grandes pilares de sustentação da dimensão humana plena, e cada vez mais, na sociedade moderna, ela visa à satisfação dos valores coletivos voláteis, e não dos individuais estáveis, que dão a “marca registrada” e originalidade à pessoa e ao contexto sexual do qual faz parte.
A sexualidade transcende o físico. Toda a história psico-afetiva pessoal e os valores culturais vão solidificando a masculinidade ou feminilidade no decorrer dos anos.
O problema é que a sociedade atual, predominantemente presa aos aspectos superficiais e externos (vejam os aumentos impressionantes do número de lipoaspirações e próteses de silicones nos últimos tempos), reduz o processo mental e sentimental de construção da verdadeira identidade sexual.
Com isso, quem não se “enquadra” aos padrões da maioria dominante, torna-se assexuado, sem feminilidade, no caso das mulheres. Recentes pesquisas européias constataram uma taxa três vezes maior de suicídio entre as mulheres que colocaram próteses de silicone. Como explicar tais dados?
Segundo os pesquisadores, provavelmente, muitas das mulheres que se submeteram a esse tipo de cirurgia tinham uma forte crença de melhorar transtornos mentais e auto-estima com os implantes de silicone, o que não se demonstrou verdadeiro. São as apologias atuais que nos escravizam e promovem até uma espécie de lavagem cerebral, agredindo a nossa individualidade.
Felizmente, temos ótimos cirurgiões plásticos e dermatologistas, comprometidos com a ética médica e papel humanitário, que desaconselham suas pacientes com tais obsessões e objetivos. É difícil se combater uma crença disseminada por tantos veículos de comunicação.
Caminho para o sexo saudável
Para nos tornarmos genuínos, temos que incluir a apropriação da nossa identidade sexual. Esta, por sua vez, passa pela tolerância e convivência com os mistérios propostos pelas diferenças homem-mulher. Quando os pólos opostos tornam-se hostis e intolerantes, tudo naufraga, inclusive, o sexo entre o casal.
A cultura atual procura, sedutoramente, nos liberar deste “trabalho emocional” oferecendo-nos imagens identificadoras estereotipadas e pré-fabricadas às quais aderimos rapidamente. O resultado é a formação de pessoas sem autenticidade e esvaziadas de si mesmas, o que as faz insistir no caminho da busca incessante desses padrões de beleza e sexualidade “pré-fabricados”.
Na medida em que essas pessoas não passam pelo processo de individuação, ou seja, não têm conhecimento de suas próprias identidades, todo o contexto no qual estão inseridas tornam-se sem sentido, levando-as até, em casos mais extremos, a distúrbios de ansiedade e humor e perda da libido (na sexualidade e na vida). É raro as pessoas se apaixonarem por si mesmas e pelos seus semelhantes nos dias atuais, presas a valores externos tão frágeis e fugazes.