por Patricia Gebrim
São poucas as pessoas que não desejam encontrar um amor na vida. Um amor daqueles grandes e bonitos, que nos deixem com o coração macio e os olhos brilhantes. Que nos ajudem a trazer à tona o que temos de melhor. Que dê cor e beleza aos nossos dias. Que nos façam crescer.
É um desafio imenso encontrar uma pessoa com a qual sintamos sintonia o suficiente para imaginar que a vida possa ser mais interessante em sua companhia. É necessário que exista uma compatibilidade em tantos níveis… Físico, Emocional, Intelectual, Espiritual. Não que o outro precise ser igual a nós, mas é preciso que a parceria funcione bem.
No entanto, mesmo quando encontramos essa pessoa especial, ainda temos o imenso desafio de estabelecer uma parceria saudável. A dificuldade é tanta que, não raras vezes, acabamos estragando tudo antes que sequer tenhamos a chance de tentar. Sentimos tanto medo que, inconscientemente, boicotamos as relações mais promissoras. É muito mais fácil ir levando aqui e ali aquelas relações menos compatíveis, mais superficiais, do que ter a coragem de enfrentar, de peito aberto, um mergulho no amor.
É inevitável. O medo sempre surge, um predador implacável, espremendo nosso coração com suas garras afiadas e impiedosas.
O que tanto nos assusta no amor, afinal?
Basicamente duas coisas.
A primeira, o imenso medo da perda do outro. Talvez seja mais fácil nunca encontrar o amor do que encontrá-lo e não sermos capazes de sustentá-lo. Temos medo de sofrer.
A segunda, talvez ainda mais assustadora, o medo da perda de nós mesmos. De sermos de tal modo absorvidos pelo amor, que deixemos de existir. Como se nossa individualidade corresse o risco de ser anulada, pulverizada, engolida por essa onda amorosa que arrastaria com ela tudo o que encontrasse em seu caminho. Temos medo de morrer.
Percebam que ambos os medos estão baseados em um mesmo conceito equivocado: a separatividade.
Se compreendêssemos que existe uma teia invisível conectando profundamente todas as formas de vida. Se compreendêssemos que não somos as formas por ela conectadas e sim “a própria teia”, nunca teríamos medo de nada. A teia que nos conecta é o amor. É nossa verdadeira natureza. É quem somos.
Dentro dessa visão que tudo inclui, nada pode ser perdido. Nem o outro. Nem nós mesmos. Dentro dessa visão, o amor nada mais é do que a pulsação de nosso próprio Ser. Não nos é dado pelo outro. Não pode ser tirado pelo outro.
Esse é um conceito que não pode ser compreendido com a mente. Precisa ser sentido na delicadeza de nosso próprio coração. Nem todos estamos prontos para abarcar esse nível de entendimento. Estamos, enquanto humanidade, ainda aprendendo sobre o amor, assim sendo, todas as nuances e desvios que vivenciamos em nossos relacionamentos fazem parte desse aprendizado. Não há nada pelo que devamos nos culpar.
No entanto, podemos fazer nossa parte em direção à evolução e caminharmos no sentido da ampliação de nossa consciência. Compreenda que essa é uma tarefa que precisará ser realizada, se você quiser criar uma vida mais equilibrada e plena de significados. Assim, faça o seu melhor.
Assuma o amor que você é.
Nunca responsabilize ninguém pela sua tarefa, de cuidar de si mesmo. Não coloque sua vida nas mãos do outro. Cabe a você, e somente a você, compreender seus próprios limites, honrar suas verdadeiras necessidades, acolher e curar seus próprios fantasmas.
Tome a si mesmo nos braços com toda a delicadeza, como faria com o que de mais valioso existe no mundo, e faça o que for necessário para manter-se conectado à luz, à sua verdadeira natureza. Essa é a verdadeira entrega, quando nos deitamos docemente no colo de nosso Eu Superior. Esse é o único caminho seguro. Isso é compreender que o amor precisa da sua consciência para poder abraçar você. Nunca se perca de si mesmo em nome do amor, e saiba algo que paira além das ilusões: o verdadeiro amor nunca pediria isso de você.