por Leniza Castello Branco
No texto anterior (clique aqui e leia), falei sobre a base da terapia junguiana e por que Jung aboliu o divã. Agora vou me aprofundar um pouco no “processo de cura” dessa terapia.
Bem… não é o que o analista acha ou sua filosofia de vida que deve ser passada ao cliente, nem mesmo o que ele considera certo ou normal.
Jung acreditava que a psique (mente) tem potencial para a cura, e que seguindo o inconsciente através dos sonhos, símbolos, criações artísticas teríamos o caminho para a cura.
Por isso, o terapeuta deve ter o máximo de conhecimento não só de psicologia mas de literatura, artes, música, mitologia, religiões. Esse conhecimento geral vai ajudá-lo a entender melhor os símbolos e a psique de seu paciente.
Para isso ele pode usar várias técnicas que ajudarão no processo de tornar conteúdos desconhecidos conscientes.
Exemplos dessas técnicas são: imaginação ativa, interpretação de sonhos, fantoches, caixa de areia, pintura, expressão corporal e muito mais. No desenvolvimento desta coluna em textos posteriores explicarei cada uma delas.
Quem procura terapia geralmente atribui seus problemas, neuroses e infelicidade aos acasos da vida ou ao próximo – quanto mais próximo, melhor.
É função do terapeuta auxiliar a pessoa a reconhecer sua responsabilidade nos problemas que enfrenta. Para isso ele aponta a trave no olho, ao invés de ver o cisco no olho do vizinho.
O processo terapêutico auxilia a pessoa a entrar em contato consigo mesma, para desenvolver seu potencial criativo.
Não precisamos ficar doentes ou com problemas para procurarmos terapia. Ao contrário, deveríamos iniciá-la quando estamos bem, para termos mais força e reagirmos com mais equilíbrio frente aos problemas que temos de enfrentar.
A terapia não é uma cura, pois não consideramos o paciente um doente, ele apenas não teve acesso às suas potencialidades, e essas não sendo reconhecidas, podem influenciar negativamente sua vida cotidiana.
A terapia de abordagem junguiana tem como foco principal ligar aspectos inconscientes da personalidade ao ser consciente. Alcançando essa meta, seremos transformados através do processo que Jung chamou de “individuação”, unificando a personalidade e tornando-se consciente como individuo único e integro no mundo.