Vou falar hoje de algo que noto nos círculos sociais e em consultório, que é a impressionante e clara insatisfação geral das pessoas, insatisfação essa que gera quadros depressivos, angústias imensas e muita ansiedade. A causa central disso é a conjuntura social atual; essa sociedade de consumo rápido, de referências inalcançáveis, absurdamente individualista e manipuladora.
A força motriz dessa sociedade é a mídia, que a move através do consumo. Nessa era digital de displays espalhados em todos os lugares, a mídia está a pleno pulmões nos bombardeando com informações clinicamente projetadas para nos fazer sentir mal com o que somos e temos hoje, projetando nossa mente no que poderemos ser e ter em uma corrente infindável de produção, consumo, propaganda e crédito.
Fora de padrão: muito do que se vê na TV e na internet não é real
As figuras televisivas abrem o apetite da população para um padrão de vida fora de cogitação para o cidadão comum e a internet está saturada de figuras promovendo um sucesso que elas mesmas muitas vezes não vivem. Há muita ilusão.
Aliás, todo esse consumo é uma ilusão.
O que preciso fazer para me sentir melhor?
1º É preciso se desconectar um pouco das telas e se conectar com o que realmente é importante para você no presente;
2º Viver o dia de hoje, sem olhar para trás ou para frente traz grande alívio: viva no momento presente, no conforto que você pode se propiciar hoje, em saborear prazeres simples que sua condição presente pode prover.
3º Busque companhias agradáveis com conversas divertidas e despretensiosas que são cada dia mais escassas. As pessoas estão ligadas demais a mitos, figuras, referências que pretendem ou prepotentemente acham que devem ser ou ter, por serem veiculados pela mídia como corretos e essenciais. Exemplos: o mito do amor romântico, do corpo perfeito, do profissional bem-sucedido…
Analisando as queixas em consultório, noto que as pessoas não estão vivendo o presente, estão presas a um tempo que já é passado ou projetando um futuro que dificilmente irá se materializar, buscam escapes para um sofrimento diário sucinto, lotando bares e bocas de fumo atrás de conforto com uma desculpa esfarrapada de fuga, fortalecendo as máscaras e aditivando a autoestima para se sentir melhor de maneira sintética.
Chegam ao consultório clientes com diversas queixas, inicialmente relacionadas a trabalho ou relacionamentos. Porém, após as sessões iniciais, fica claro que é necessário trabalhar a expectativa em relações a esses desejos ilusórios e inatingíveis ,e seus sistemas de recompensas, para que o analisando consiga se sentir bem com o presente e apreciar de maneira mais plena a sua vida.
Dessa forma peço ao leitor uma reflexão, o que é verdadeiramente importante?
Será que estou buscando a plenitude dos meus sentimentos de forma equivocada?
Pensem sobre e vejam se a expectativa sobre si e sobre os outros não está demasiadamente aumentada pelas interferências externas constantes em nosso cotidiano.