por Roberto Goldkorn
Um dos livros que mais me impressionou foi o Formas Pensamento do Leadbeater, editado no Brasil pela Editora Pensamento.
Nesse trabalho o grande teósofo e clarividente inglês dizia que nossos pensamentos são coisas, têm uma concretude, têm forma, cores, cheiro e mobilidade.
O livro é ricamente ilustrado com as formas-pensamento que pairavam alguns instantes como nuvens sobre a cabeça que os havia gerado. Ódio, inveja, raiva, ressentimento, luxúria, devoção, etc. foram alguns dos pensamentos desenhados e analisados pelo autor.
Acredito nisso, embora tenha alguma dificuldade de aceitar aquela miríade de formas, cores e dinâmicas. A minha leve descrença se deve ao fato de que ninguém mais, mesmo os mais respeitados videntes e gurus desenharam as formas-pensamento com tanta riqueza de detalhes. E tenho sempre muita dificuldade com diagnósticos únicos, com exclusividades.
De qualquer forma não há razão para desacreditar que nossos pensamentos tenham uma materialidade uma vez que já sabemos que toda matéria é basicamente energia.
Muitas pesquisas feitas por cientistas que nada têm de esotéricos, mostram que pensamentos ou produções mentais podem ser comunicadas e até criar efeitos físicos em objetos distantes.
A nossa mente está constantemente criando pensamentos em sua imensa maioria flashes fugazes (não será redundância?) que se dissipam no éter quase tão rápido quanto foram gerados.
Mas muitos pensamentos são criados por fortes e densas emoções. São os chamados pensamentos “pesados”. Esses ficam como nuvens carregadas, gordas e não se dissipam rapidamente, até por que são pesados e são realimentados pela fonte emocional que os gerou. Quando uma pessoa pensa com ódio e alguém, em geral existe um fato gerador externo (que permanece ativo) e uma filial interna que de fato gera o pensamento-ódio. O mesmo acontece com o pensamento-medo, e toda a “família Adams” de pensamentos destrutivos que nem é preciso mencionar.
Esses filhos das nossas paixões e febres emocionais, são entre tantos malefícios, causadores dos bloqueios da nossa capacidade psíquica, ou seja da nossa mediunidade. Eles ocupam um espaço de comunicação interna e às vezes externa por onde o fluxo de informação mediúnica deveria passar. Claro que estou me referindo a imensa maioria dos mortais. Grandes médiuns, grandes videntes também foram pessoas que trepidavam de paixões, e eram usinas ferozes de produção de pensamentos “obesos e sanguíneos”. Mas esse é outro texto, ou como diria meu pai, “são outros quinhentos”.
Meu alvo aqui é o sujeito comum, eu e você que está lendo agora. Algumas pessoas durante meus cursos de desenvolvimento de sensitividade me perguntam: Por que não tenho dons psíquicos? O que fazer para tê-los? Eu devolvo a pergunta e digo: O que é que você está fazendo para não tê-los?”
Posso dizer sem medo de estar sendo hipócrita, que todos nós temos algum grau de mediunidade. Todos estamos constantemente enviando e recebendo mensagens de fora da área intelectual de nossa mente, e até do espaço psíquico coletivo. O que acontece para que nada disso seja registrado e aproveitado? As grossas nuvens de pensamentos tenebrosos, que geramos em resposta a estímulos externos/internos, frutos de nosso analfabetismo emocional. Mas a coisa ainda pode ser pior que isso. Além de bloquear a nossa criatividade, muitas vezes estimulada por aliados psíquicos e espirituais, os pensamentos trovejantes podem, ao contrário, servir de antena para comunicações que lhes sejam afins.
Já escrevi nesta coluna há muitos anos, um artigo chamado Abandonando o Palco, sobre o que acontece no processo dos suicidas. Os pensamentos autodestrutivos gerados podem eventualmente atrair programas psíquico-espirituais de suicidas que se deram bem (conseguiram seu intento) e querem arrastar outros para seu inferno privê.
Nessa toada, os pensamentos de ódio, além de funcionarem como rolha impedindo o fluxo de comunicação saudável, também sintonizam seu criador com as estações da rádio Ódio & Rancor. Essa rádio vai reforçar o apetite dessa “coisa” por mais alimento-ódio, e isso pode acabar sendo um monotema sinistro na vida desse indivíduo. Assim o criador se une de forma simbiótica a criatura de maneira quase idêntica ao processo do vício e pimba, temos um refém, um prisioneiro de um inferno particular em vida.
Na Bíblia o rei Saul entra em pânico porque sente que “deus o abandonou, e não fala mais com ele, nem através das cartas, nem em sonhos…” e parte para em desespero consultar uma “feiticeira” que nada mais é do que uma médium, para que “lhe traga dos mortos o rei Samuel para orientá-lo”.
Minha interpretação dessa passagem não tem as piruetas de alguns exegetas, e é simples. O medo, (e outros sentimentos e emoções pesadas) bloqueou a comunicação de Saul, não com Deus, mas com seu próprio oráculo interno e com o Inconsciente Coletivo.
Saul como a maioria dos mortais resolve pegar um atalho, ao invés de olhar para si próprio em busca do curto-circuito.
Produzir pensamentos carregados de eletricidade e potencial destrutivo, é a maior razão do bloqueio de nossa sensitividade, é a explicação do porquê perdemos incontáveis tesouros de informações que poderiam enriquecer e libertar nossas vidas.
A criação e manutenção desses monstrengos mentais se constitui numa prisão sem grades, num sobrepeso que nos faz vergar; prejudica a nossa mobilidade, rouba a nossa liberdade e nos empobrece como seres destinados à Luz.