por Renato Miranda
A concentração é uma habilidade fundamental para o desenvolvimento de tarefas com qualidade. Tanto no esporte como na vida cotidiana a concentração funciona como pré-requisito de desenvolvimento e eficácia para tudo aquilo que se faça. Em textos anteriores (clique aqui) escrevemos sobre várias estratégias para nos mantermos concentrados e consequentemente preparados para executarmos tarefas com qualidade.
No entanto, nem sempre se fala no oposto da concentração: a distração.
Muitas pessoas me questionam como podem melhorar a concentração. Meu primeiro passo é perguntar exatamente sobre o oposto da concentração: “Por que você se distrai?” Quando descobrimos o que nos distrai ou o porquê da distração, invariavelmente nós conseguimos reorientar nossos pensamentos e energia para o foco de atuação e, por conseguinte, nos concentramos novamente.
Fatores internos e externos invadem a nossa mente e é por isso que não conseguimos ficar ou nos manter concentrados. Em uma adaptação dos meus escritos para atletas, tento neste primeiro texto sobre o assunto, adaptar os fatores internos que prejudicam a concentração do atleta para qualquer pessoa que queira melhorar sua concentração.
Por que você se distrai?
Fatores Internos
Introspecção demasiada
Quando focamos de maneira exagerada somente naquilo que circunda e interfere em nossa vida, acabamos por focar demasiadamente as consequências de nosso rendimento e nos distraímos sobre o que temos que fazer na execução de nossas tarefas. Com isso, perdemos a orientação (foco) em relação aos meios para atingir nossos objetivos. Além disso, há aumento da nossa excitação emocional, prejudicando nossa capacidade de pensar.
Pensar em eventos passados
Quando não desvinculamos emocionalmente eventos passados, negativos ou positivos, com os atuais, ficamos também distraídos. Em síntese, se alguém falha ou tem sucesso em uma atividade semelhante no passado suas repercussões emocionais devem ser desfocalizadas na ação presente, pois, a atenção precisa estar voltada para o comportamento presente e não no passado.
Pensar em eventos futuros
Pensar de forma exagerada nas consequências negativas ou positivas futuras, nos distrai e isso, não auxilia na execução de nossas tarefas. Pensar sobre o possível aumento salarial advindo do desempenho, no elogio do chefe, nas implicações de seus acertos ou erros, nos benefícios de uma possível conquista etc., provoca um distanciamento de nossa atenção no presente e rapidamente ficamos dispersos e sem energia para fazer o que realmente precisamos.
Ficar demasiadamente tenso sob pressão
Diante de tarefas importantes é natural certa tensão. Entretanto quando a pessoa fica muito tensa, não consegue focar o pensamento naquilo que realmente importa. A origem dessa tensão reside na expectativa da pessoa e as outras, que se importam com ela ou com o produto da tarefa têm em relação ao desempenho dela mesma. Ou seja, medo de não conseguir atingir os objetivos imaginados pela pessoa e/ou pelos outros que são próximos a ela.
Em consequência da tensão demasiada a pessoa fica vulnerável aos efeitos negativos da pressão (por exemplo, insegurança, nervosismo e medo). Além disso, o corpo torna-se debilitado, sem energia e o foco da atenção fica muito estreito e a pessoa não consegue perceber os sinais relevantes que estão a sua volta. É por isso, que quando de tarefas exigentes e que naturalmente geram expectativas, somente aqueles que conseguem suportar pressão usufruem dos melhores resultados.
Fadiga
Quando a pessoa se sente forte e relaxada ela está pronta para se concentrar. Em oposição, quando a mesma está fadigada, seu poder de concentração fica afetado e é quase impossível agir diante de uma tarefa exigente. Além disso, a pessoa não consegue manter o foco por um tempo suficiente para realizar algo com qualidade. Seu pensamento fica disperso e por mais que ela tente, não consegue se manter atenta. Por isso, que o bom preparo físico e o descanso são fundamentais para nossa concentração.
E a distração não para por aí, há também os fatores externos que também nos distrai e dificulta nossa concentração. Mas isso é assunto do próximo texto.