por Renato Miranda
Habilidades psicológicas são capacidades especiais que permitem a execução de tarefas em alto desempenho quando se trata de atletas adultos ou em desempenho promissor quando se trata de jovens aprendizes.
Em outras palavras, todo ser humano tem capacidade de se concentrar para executar algum tipo de atividade ou tarefa, como por exemplo, uma criança ao se exercitar quando de um aprendizado de um mergulho de natação ou um chute no futebol.o entanto, somente aquelas com uma capacidade especial (habilidade) de se concentrar mais rapidamente, melhor e por mais tempo aprendem mais perfeitamente e impressionam. Isto é o que consagrou ser denominado talento.
Portanto, é talentoso aquele que tem e desenvolve habilidades psicológicas, físicas, técnicas e táticas (individuais, que notadamente repercutem nas coletivas!). Em nossa cultura tais habilidades têm repercussão restrita, ou seja, quando se fala em talento tem-se a ideia reducionista da impressão técnica apenas.
Em resumo, no Brasil, quando se fala em esporte o talento técnico (habilidade) é a panaceia para a projeção futura. Em outras palavras, basta ter talento que uma criança esportivamente ativa terá um caminho promissor. E é claro que nosso maior exemplo é o futebol.
Quando em uma Copa do Mundo de futebol, como a de 2014, um país tem a chance de mostrar que existe outro caminho – o caso da Alemanha – parece que de repente, em súbito, algumas reflexões se tornam imprescindíveis. As principais: será que talento basta? Ou será que é possível haver talento em outros países? É arrogância pensar que só o talento técnico é suficiente para a formação de um grande atleta?
Depois da vitória da Alemanha, todos se encantaram com as estratégias, metodologias e políticas do futebol alemão. Seria assim se eles perdessem?
Fico apenas com as questões relacionadas às habilidades psicológicas. Um jovem com talento técnico para o futebol claro que terá consigo muita habilidade psicológica, como motivação e concentração e controle da ansiedade, pois para toda experiência corporal há uma simultaneidade psicológica. Por isso, é natural que um garoto muito bom de bola tenha desenvolvido muita motivação, concentração, autoconfiança e outras tantas habilidades psicológicas.
Desconfio que esse seja um dos motivos para a despreocupação e, de uma forma geral, a total falta de conhecimento (pressuposto!) do que venha a ser treinamento psicológico (psicologia do esporte!) no meio esportivo brasileiro; – em especial no futebol. Mal sabem os ditos "olheiros", "professores" e tantas outras denominações do mundo do futebol, para aqueles que lidam com atletas jovens e adultos, que há elementos psicológicos nos treinamentos técnicos e táticos!
É preciso treinar as habilidades psicológicas para o potencial desenvolvimento do jovem. Conhecimento é o grande desafio! Nada impede o profissional do esporte aprender, estudar e aperfeiçoar conhecimentos ligados às habilidades psicológicas. Mais, não adianta crer que basta ter um psicólogo (a) no meio esportivo que estará tudo resolvido. Ele (a) também precisa ter conhecimento sobre o assunto (psicologia do esporte) e claro, de maneira especial.
O psicólogo do esporte é antes de tudo um especialista em esporte! Ele precisa entender da modalidade esportiva em questão e trabalhar junto com os demais profissionais da equipe (que nada os impede de entenderem de psicologia do esporte, mesmo em linhas gerais – só assim haverá diálogo e compreensão profissional).
Entender a organização, execução e sistematização do treinamento psicológico a fim de melhorar as habilidades psicológicas estão a alcance de qualquer profissional do esporte. Desenvolver a força psicológica (controle do estresse, ansiedade, concentração e motivação ótimos, fluir nas tarefas e desafios etc.) para enfrentar situações difíceis é possível através de treinamentos de qualidade que repercutem conhecimento e experiência positiva.
Nota-se que quando se tem um ambiente profissional adequado na formação de jovens atletas inteligências e personalidades de alto nível se formarão. Desse modo, jovens se tornarão profissionais (se for o caso!) e desempenharão melhor suas funções dando exemplos para os mais jovens, criando assim uma positiva tradição.
Nada contra atletas de futebol que se tornam técnicos (professores?). Muito pelo contrário, é uma excelente oportunidade. No entanto, os mesmos precisam estudar, aprender, desenvolver intelectualidade, enfim, fazer o que todo profissional de qualquer setor necessita para atingir certo nível de desempenho.
Lançar diretamente qualquer pessoa (ex-atleta ou não!) ao ensino, aperfeiçoamento e treinamento de atletas é fomentar ainda mais aquelas tão conhecidas perguntas grosseiras e estúpidas (palavras mais educadas para defini-las!) que treinadores ex-atletas, quê só tem suas experiências esportivas na memória, dizem quando estão diante de algum estudioso: "Jogou onde? Foi campeão onde?".
Os estudiosos por sua vez, adoram ficar no calabouço da arrogância e vaidade das universidades e se mantêm à distância. Renovar dirigentes, estudar, ir a campo, aproximar experiências e investir nas crianças, ofertando boas condições estruturais (ambiente esportivo de qualidade) e bons profissionais (é preciso atraí-los com um promissor mercado de trabalho).
Talvez assim, tenhamos uma chance de aprender com o que restou dos 7X1!