Como lidar com a falta de reciprocidade no relacionamento? Dá para contornar?

Por Anette Lewin

Resposta: Antes de tentar contornar um problema é importante tentar entendê-lo.

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E o conceito de reciprocidade é bastante amplo para permitir uma reflexão bastante extensa. Vamos a ela.

A avaliação de como cada um contribui em um relacionamento provoca a maioria das discórdias em um casal. Isso porque o peso das contribuições dos envolvidos tende a ser avaliado de forma equivocada. Cada um tende a atribuir às suas contribuições um peso maior do que às contribuições do outro. É natural. E chegar a uma medida objetiva do peso de cada contribuição é tarefa praticamente impossível.

Como avaliar então se as contribuições são recíprocas?

Existem alguns parâmetros que podem ajudar nessa tarefa. O primeiro a ser discutido é: do que cada um abre mão para contribuir no equilíbrio do relacionamento?  Sim, porque fazer, pelo relacionamento, aquilo que é fácil tem um valor diferente do que abrir mão de algo pelo outro. De um modo geral, abrir mão de um desejo realizável pelo desejo ou pela necessidade do outro tem um peso muito alto na balança do amor. Desde que seja recíproco, é claro.

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De um modo geral, o peso das contribuições no relacionamento só pode  ser avaliado de forma intuitiva. As variáveis são tantas que não daria para enumerá-las e criar uma tabela de equivalências.  É importante que cada um se disponha a fazer pelo relacionamento aquilo que de fato pode fazer. Promessas utópicas só atrapalham. Se um tem mais facilidade de planejar uma viagem, por exemplo, é o outro é péssimo em planejamento, é mais sensato que o que sabe planejar, planeje e apresente o plano ao seu parceiro para avaliação. De nada adianta ficar forçando fazerem juntos o que é fácil e agradável para um, mas não para o outro.

Outro aspecto importante para que a equivalência equilibre a relação é reconhecer o esforço e empenho do parceiro, mesmo que ele não consiga acertar em todas as tentativas de colaborar com o sucesso do relacionamento.

Se um pai se dispõe a ajudar nos cuidados de um bebê recém- nascido, por exemplo, não adianta a mãe ficar só criticando o modo como ele cuida. Sim, ela pode ensinar, mostrar a forma correta de fazer, e agradecer a colaboração. Mas se ficar só criticando, certamente a consequência é ficar com todo o trabalho para ela mesma, pois vai desestimular o novo papai.

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É imprescindível também que o casal entenda o momento pelo qual o seu parceiro está passando e o respeite. Todos nós passamos por momentos em que problemas internos nos impedem de ser proativos: uma decepção no trabalho, uma gripe forte, um problema de saúde na família. E nesses momentos é sempre bom ter alguém que se disponha a assumir parte de nossas tarefas ou obrigações até que melhoremos. Desde que a recíproca seja verdadeira, é claro.

Enfim, a medida da reciprocidade é extremamente extensa e se concretiza, em geral, quando o casal não precisa pedir ou mandar seu parceiro agir pela relação; quando cada um é capaz de perceber quando é seu momento de agir ou de abrir mão de algo; e quando um simples olhar ou um sorriso bastam para sinalizar o que deve ser feito.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.