Por Edson Toledo
O hormônio ocitocina é produzido principalmente no cérebro e também nos testículos e ovários. Sua liberação se dá diretamente no sangue através da glândula pituitária ou para outras partes do cérebro e da medula espinhal.
Descobriu-se que a ocitocina desempenha um papel vital no desencadeamento e regulação das contrações uterinas e no terceiro estágio do trabalho de parto. Ela ajuda a garantir que a placenta e as membranas sejam entregues. Obstetras, muitas vezes, injetam na mãe ocitocina sintética após o nascimento do bebê para acelerar a entrega da placenta. Após o nascimento, os níveis de ocitocina são muitas vezes ainda maiores, contribuindo para a proteção da mãe, já que ela faz com que o útero se contraia para parar a hemorragia. Outra importante contribuição da ocitocina é o seu papel no ciclo menstrual da mulher, pois ela é responsável pelas contrações uterinas que acompanham a menstruação e levam a expulsão do conteúdo uterino.
Outra importante contribuição da ocitocina é o seu papel no aleitamento, pois faz com que ocorra a "descida reflexa" permitindo que o leite flua e facilita à mãe alimentar seu bebê. Mas não para por ai, a oxitocina às vezes chamada de "hormônio de ligação", já que para a sobrevivência dos mamíferos é fundamental que a mãe comece a nutrir e passar para os seus filhos ocitocina imediatamente após o nascimento e os estudos revelaram que ela parece ser responsável por essa reação. Ou seja, os efeitos da ocitocina no cérebro ainda desempenham um papel importante no estabelecimento do comportamento materno e o vínculo entre mãe e bebê.
Pesquisas do final da década de 1990 revelaram que a ocitocina tem muitas outras funções que não a alimentação, parto e menstruação; desmistificou-se que a ocitocina era um "hormônio feminino".
Felizmente sabemos agora que ela também não só está presente como também tem importante papel no sexo masculino. Por exemplo, novos pais também experimentam uma onda de sentimentos para com seu novo bebê e, assim como com as mães, a ocitocina ajuda a forjar esse vínculo e obter todas as informações importantes dessa devoção para com os seus descendentes, e não só, formamos todos os tipos de conexões não só com nossos filhos, mas com os nossos parceiros, amigos e até mesmo os nossos animais de estimação.
Ocitocina no parto
A ocitocina também pode ser responsável por transformar experiências potencialmente estressantes em oportunidades para expressar amor e alegria. O parto pode ser uma experiência estressante para algumas mulheres, mas a ocitocina parece desempenhar um papel em ajudar uma nova mãe a gerenciar as respostas emocionais e fisiológicas e impedir a depressão pós-parto. A ocitocina também ajuda a reprimir as lembranças da dor do parto, contribuindo para que ela passe por tudo de novo e queira ter outros filhos.
As pesquisas também revelaram que a ocitocina desempenha um importante papel nos aspectos não procriativo do sexo, já que homens e mulheres liberam a ocitocina durante o ato sexual, e ser um dos responsáveis por causar o orgasmo.
Hormônio do aconchego
Outro nome dado a ela é o de "hormônio do aconchego", pois é liberada em resposta a uma variedade de estímulos ambientais, incluindo o contato da pele durante o sexo.
Em níveis normais a ocitocina estimula o desejo de ser beijada. Mas sendo tocada (em qualquer parte do corpo) leva a um aumento nos níveis de ocitocina. Isso provoca uma cascata de reações dentro do corpo, incluindo a liberação de endorfinas e testosterona, o que resulta nas excitações biológicas e psicológicas.
Identificou-se que os nervos de zonas erógenas, tais como os lóbulos das orelhas, pescoço e genitais tornam-se sensibilizados pelos efeitos da ocitocina. Ela promove uma ligação de proximidade, intimidade e desejo que aumenta a receptividade sexual e o desejo de ser tocado estimula ainda mais a liberação de ocitocina aumentando o desejo e a excitação. Caro Leitor, em outras palavras, a ocitocina adora as preliminares.
Mas não é só, ela também desencadeia orgasmos poderosos. Estudos indicam que a ocitocina faz com que os nervos nos órgãos genitais "peguem fogo" e isso leva ao orgasmo. Verificou-se que durante o orgasmo, os níveis de ocitocina masculino ficam cinco vezes maior, mas é sabido também que as mulheres precisam de mais ocitocina para chegar ao orgasmo, portanto durante o pico da excitação sexual, os níveis de ocitocina nas mulheres chegam a níveis "estratosféricos".
E os benefícios da ocitocina vão além, ela pode oferecer outros benefícios à saúde, ajuda a regular os padrões de sono, acalmá-lo e contribui para uma sensação geral de bem-estar, é também uma das razões pela qual, por exemplo, as pessoas com animais tendem a se recuperar mais rapidamente da doença; por que as pessoas casadas tendem a viver mais e por que grupos de apoio podem beneficiar as pessoas com câncer. Embora ainda não totalmente compreendidas, acredita-se que a chave para os benefícios da ocitocina a saúde residem na sua capacidade de combater o estresse e os efeitos do hormônio do estresse, o cortisol.
Devido à sua capacidade de gerar profundas conexões emocionais, e de inflamar sentimento, intimidade e desejo sexual, e certamente, orgasmos poderosos, atribui-se à ocitocina algo muito próximo do "elixir do amor".
*Os peptídeos são formados pela união de moléculas de aminoácidos, que são moléculas orgânicas indispensáveis para o bom funcionamento do organismo.