Não consigo para de trair minha esposa. O que faço?

Por Margareth dos Reis

Depoimento de uma leitora:

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“Tenho 20 anos. Aos 14 descobri minha orientação homossexual. No meu primeiro relacionamento com mulher, eu era muito dedicada, só desejava a minha namorada, era um relacionamento perfeito. Até que minha namorada me traiu. Essa dor eu não desejava pra ninguém, mas depois que senti, fiquei muito insegura de mim. Depois desse relacionamento tive dois sérios e duradouros. No anterior eu traia muito minha esposa. Não era por necessidade, mas como se fosse uma vingança, um medo de ser traída primeiro. Até que… Ela me traiu depois de não aguentar mais minhas traições. Esse meu relacionamento atual eu já trai muito minha esposa, mas ela nunca soube. E, que eu saiba, ela nunca me traiu. Ela é um pouco sem sal na relação, muito centrada em trabalho e jogos. Isso me irrita muito. Não temos sexo com tanta frequência como gostaria. Então, eu aproveito da situação ruim para trair. Eu não sei o que tenho. Sei que ela não merece. Ela é uma pessoa muito boa. Às vezes me sinto um lixo de pessoa por não ter controle sobre eu mesma. Alguém me ajuda!”

Resposta: Para começo de conversa, a expectativa de perfeição na vida amorosa é uma utopia, e essa visão pode ser um campo fértil para o surgimento de constantes frustrações nos relacionamentos.

As frustrações, no entanto, fazem parte do processo de amadurecimento desde que o modo “congelado” no sofrimento, pelo que é repetitivo e conhecido, seja desativado. Ou seja, sem fechar um capítulo de uma fase da vida as situações podem até mudar, mas os sentimentos não, o que mantém a pessoa como reagente diante dos próximos acontecimentos, em vez de agente da sua própria história.

Assim, o que parece lhe faltar então é a percepção para reconhecer que novos enredos são possíveis quando se aprende a encerrar um ciclo e começar outro com novos propósitos. Para tanto, se o que desejas é o bem-estar no relacionamento a dois, dê o primeiro passo. É preciso experimentar fazer o que se espera receber da outra pessoa da relação e, avaliar como se está transmitindo o que deseja sem deixar de ponderar se entende o que o outro lado transmite. É importante, também, renovar o reservatório interno com repertório acolhedor, pois para sair do descompasso afetivo-sexual é fundamental querer fazer diferente do que vem se repetindo no automático para abrir novos canais de aproximação. O alinhamento sexual em um relacionamento estável deve ser um investimento contínuo cuja recompensa é a descoberta do poder do sentido de renovação, sempre que necessário.

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Boa sorte!

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.

 

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