Feminicídio

Por Tatiana Ades

Há apenas três anos a morte de mulheres é considerada crime hediondo (lei do feminicídio).

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Porém, mesmo com essa conquista, as mulheres continuam desprotegidas e vivenciando relações abusivas, fazendo com que todos os dias se tornem vítimas de feminicídio em nosso país.

É importante não julgar a mulher que se encontra num relacionamento abusivo e não consegue sair do mesmo. Essa se encontra doente, muitas vezes vivenciando um processo de dependência afetiva, temor, medo e depressão que podem deixá-la presa ao agressor.

Vimos na madrugada de 22 de julho, um caso que chocou o País pela brutalidade e crueldade: a  advogada Tatiana Spitzner (29 anos) foi morta pelo marido Luís Felipe Manvalier. Ela caiu de uma sacada do 4º andar de um edifício em Guarapuava, região central do Paraná. Mais precisamente, ela foi vítima de uxoricídio: assassinato em que o marido mata a própria esposa.

É importante entender os sinais

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No caso de Tatiana, certamente esses sinais já estavam sendo dados, mas o medo e a falta de coragem a deixaram numa espera para conseguir abandonar o agressor.

Ela já relatava a pessoas próximas todo o abuso sofrido, dizendo que precisava se preparar para uma separação.

Percebeu também que ele a odiava (ela relata isso a uma amiga), sentiu o perigo da morte, mas mesmo assim, não conseguiu fugir.

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Muitas vezes essas mulheres estão num processo um tanto “dormente”, como se emocionalmente estivessem congeladas e sem ação. O trauma sofrido pode trazer essa sensação de falta de motivação e de coragem para fugir e o ciclo da lua-de-mel acaba fazendo-as ficar.

Quando falamos em ciclo de lua-de-mel, estamos nos referindo ao período onde o agressor imobiliza a vítima, pedindo perdão, jurando que nunca mais a agredirá e que está muito arrependido.

Nessa fase, a mulher tende a perdoar por dois motivos:

1- Ela acredita que poderá realmente modificar esse homem.

2- O temor é tão grande que ela se sente mais segura ao lado dele, desacreditando de qualquer lei ou possibilidade de fuga.

Com Tatiana foi assim. Os pedidos de perdão sempre vinham e ela permanecia.

Outro fato importante desse caso, é ela ter relatado a mudança de comportamento do marido após o uso de anabolizantes. Essas drogas atuam no cérebro de forma brutal. Caso o homem já tenha uma pré-disposição à agressão física e à  impulsividade, o uso do anabolizante irá potencializar em alta escala essa agressividade. Não é incomum vermos nos EUA casos de feminicídio após o uso dessas drogas.

É muito importante que as pessoas que estão de fora tomem uma atitude imediata ao perceberem uma situação de abuso, pois dificilmente a própria vítima conseguirá.

Caso você se reconheça num padrão codependente e abusivo, busque ajuda emocional e jurídica.

No meu livro “Escravas de Eros”, relato todo o processo abusivo e como se instala uma dependência afetiva pelo parceiro ou até mesmo por vários deles.

Precisamos falar sempre desse assunto, o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo.

O mais importante é lembrarmos que essas mulheres não têm culpa alguma, são dezenas de Tatianas, Marias, Joanas abusadas e mortas todos os dias.

Como perceber se estou em um relacionamento abusivo – clique aqui.