Setembro amarelo: os traços do suicídio

Da Redação

Para entender melhor as discursividades nas redes sociais e suas interseções com o suicídio, a pesquisa para dissertação ainda em andamento, intitulada “Discursos de si de sujeitos suicidas no Facebook”, mostra características comuns em relatos nessa mídia social de indivíduos que cometeram suicídio.

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Realizada pelo mestrando do Programa de Pós-graduação em Comunicação (Ppgcom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Antonione Grassano, o levantamento investigou traços que poderiam ser pontos comuns entre tais indivíduos. “A pesquisa surgiu, em 2017, no Grupo Sensus, em discussões sobre a questão da destituição simbólica, que é quando o sujeito não se identifica com os discursos dominantes e encontra sentido em outras ações, como no ato de se automutilar. A partir disso, seguimos com a ideia de analisar o discurso de pessoas que atentaram contra a própria vida e, ao mesmo tempo, traçar um perfil de comportamento.”
O Grupo Sensus – Comunicação e Discursos, foi criado pelo professor do PPGCOM, Wedencley Alves, que também orienta a pesquisa de Grassano. O grupo se propõe a desenvolver estudos, no âmbito da comunicação, sobre a saúde.

“Geralmente, os estudos de comunicação e saúde se debruçam sobre a cobertura da mídia em relação a questões no âmbito de saúde e doença. Nós, do Sensus, trabalhamos com a noção de saúde ampliada, que seria o estado de completo bem-estar físico, mental e social. Então não seria diferente olhar para a questão do suicídio, que é uma questão do mal-estar psíquico existencial de um sujeito. O Sensus traz isso no âmbito da Comunicação, evidentemente”, avalia o orientador.

Para o professor, a pesquisa realizada pelo Grupo Sensus traz um complemento importante para auxiliar no desenvolvimento do trabalho de profissionais da área da saúde na prevenção ao suicídio. “Hoje, não adianta os veículos evitarem falar de suicídio se as pessoas estão ‘noticiando’ mortes e suicídios nas redes. Torna-se, ao contrário, um campo importante de discussão. Se nós nos dispusermos a compreender essa lógica do sofrimento, poderemos auxiliar para que, no futuro, profissionais da saúde coletiva possam desenvolver modos diferenciados de atendimento e de aplicação de políticas públicas.”

Relato de ideações suicidadas é anterior às redes sociais – clique aqui

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Fonte: Universidade Federal de Juiz de Fora  – UFJF